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O Apocalipse de um Cineasta
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Sinopse e comentário. Documentário sobre a conturbada realização de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, aproveitando as cenas filmadas por Eleanor Coppola, esposa do diretor, durante os 238 dias em que a equipe esteve enfiada nas selvas filipinas. Revelador, o documentário começa com Coppola em Cannes, onde Apocalypse recebeu a Palma de Ouro, dizendo que seu filme não é sobre o Vietnã, mas é o Vietnã, tanta foi a loucura em que todos estiveram envolvidos. Ainda que não conste nos créditos, o filme baseia-se em O Coração das Trevas, livro de Joseph Conrad que narra a história de um certo coronel Kurtz, que embrenha-se na selva para educar os nativos e enlouquece, cuja adaptação cinematográfica já havia sido planejada em 1939, por Orson Welles, mas que não saiu do papel devido aos altos custos. Para a nova empreitada, Coppola atuaria como produtor, entregando curiosamente a direção a George Lucas, mas mais uma vez não houve quem financiasse um filme sobre a guerra do Vietnã (principalmente porque na época ela ainda estava ocorrendo).

Projeto arquivado, Coppola então realizou as duas partes de O Poderoso Chefão, sucessos que o deixaram milionário e pronto para assumir os custos da filmagens de Apocalypse, agora como produtor e diretor, e com domínio total sobre a obra. Arrastando a esposa e os três filhos para as selvas das Filipinas (local escolhido pela semelhança geográfica com o Vietnã) e, sem contar com qualquer cooperação do exército norte-americano, Coppola precisou fazer um dispendioso acordo com o presidente filipino Ferdinando Marcos, que colocou à sua disposição toda a frota de helicópteros, além de acompanhamento militar. No entanto, como as Filipinas estavam em guerra civil, não eram poucos os dias em que as filmagens tinham de ser interrompidas porque o governo requisitava os helicópteros de volta. Além disso, a cada dia os pilotos eram trocados, o que implicava em mais tempo perdido com instruções. Não bastasse isso, a produção seria paralisada por dois meses para reconstrução de cenários destruídos por um tufão que assolou as Filipinas, e os atrasos levariam não apenas o diretor ao desespero (já havia hipotecado até a própria casa para bancar o filme), mas geraria desconfiança na imprensa, que em matérias como “Apocalypse quando?” o chamavam de louco irresponsável. O diretor entraria em crise ainda devido à sua insatisfação com o final original (Willard recusaria o chamado dos militares que viriam buscá-lo, preferindo ficar com Kurtz) e a incapacidade de reescrevê-lo, só aumentada pela briga com Marlon Brando, que quase desistiu de sua participação, e pelo infarto do protagonista Martin Sheen, que teve de ficar três semanas de molho e chegou mesmo a receber a extrema-unção. “Estou fazendo um filme ruim”, disse Coppola, no auge da crise. “Melhor ir logo à falência”.

Entre curiosidades como distribuição de papéis, cenas de bastidores e entrevistas com atores e equipe técnica, o filme revela ainda que o capitão Willard deveria inicialmente ser representado por Harvey Keitel, que chegou a filmar durante uma semana, mas cujo desempenho não agradou o diretor, que tirou a barba e foi convidar Martin Sheen. O desempenho deste é um capítulo a parte: seu temperamento amável, e oposto de seu personagem, levou o diretor a buscar nele o seu lado oculto, solicitando que o ator se soltasse e pusesse para fora todos os seus demônios. A sequência do quarto de hotel, com Willard bêbado, quebrando um espelho e chorando, é toda real. O que no filme é apenas visto (o áudio limita-se à canção The End, da banda The Doors), aqui pode ser ouvido, com os impressionantes gritos de Sheen dizendo que seu coração está partido e xingando a todos, enquanto sua mão cortada realmente sangra (Coppola quis parar a cena para chamar um médico, mas o ator recusou-se e mandou prosseguir). Eleanor Coppola conta que seu marido filmou a cena com medo de que Sheen atacasse a câmera ou a equipe. É um dos momentos mais emocionantes do documentário, que mostra ainda improvisos de Marlon Brando (sem ter lido O Coração das Trevas, como solicitado por Coppola, tomou dias de reuniões para discussão das falas), que só juntou-se à equipe ao final das gravações, e várias sequências não aproveitadas (reveladas trinta anos depois, na versão Redux).
O que fica, no término desse O Apocalipse de um Cineasta, é a admiração pelo talento e obsessão desse diretor enlouquecido e brilhante, que escrevia as cenas na noite anterior às filmagens (embora desse mais valor ao improviso dos atores) e que, como o coronel Kurtz, chegou até o limite da insanidade para atingir um objetivo. Seu filme, Apocalypse Now, é indiscutivelmente um clássico, e Coppola, por mais que ultimamente só tenha realizado filmes inferiores ou ajudado na carreira da filha que também virou diretora, não precisa provar mais nada para ninguém.



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- O Fundo Do Coração

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