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Albert Nobbs
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Sinopse e comentário. Drama inspirado em fatos reais. Século XIX,
Irlanda. Dos funcionários do Hotel Morrison, em Dublin, o mordomo Albert Nobbs
é o que menos chama a atenção. Discreto, silencioso e eficiente, dedicado ao
trabalho, não aparenta ter qualquer vida social fora do hotel e mantém-se
alheio às fofocas e aos interesses dos demais empregados. Isto porque Nobbs
guarda um segredo: nascido mulher e vitimado por um trauma violento na
adolescência, há 30 anos vem fazendo-se passar por homem. Sua vida resume-se ao
trabalho e ao cálculo das economias que vem guardando há anos sob as tábuas do
pequeno quarto onde vive, no hotel junto à foto da mãe que não chegou a
conhecer. Economias que já formam uma pequena fortuna, e que logo possibilitarão
realizar o sonho de montar o seu próprio negócio. A inesperada chegada, no
entanto, de Hubert Page, um operário que trabalhará na pintura do hotel, porá
em risco a sua identidade quando a Sra. Baker, dona do Morrison, ordena que
Nobbs divida o quarto com Page.



Personagem sofrido, cuja vida,
identidade e sentimentos escondeu durante décadas, Albert Nobbs já havia sido
interpretado por Glenn Close no teatro, em 1982. Desde então a atriz vinha
tentando trazê-lo para o cinema, e foram precisos 29 anos para que o grande
público pudesse enfim ter acesso à performance quase inacreditável de Close,
cujo empenho na realização do filme estendeu-se pelos créditos: ela aparece também
como co-roteirista, co-produtora e autora da letra da canção original, “Lay your head down”, interpretada
durante os créditos finais por Sinéad O’Connor e com música do maestro Brian
Byrne.



Por si só, a história é dramática
e curiosa o bastante: longe de uma Yentl
ou de uma Tootsie, a situação de
Nobbs não é engraçada. Sua “transformação” numa pessoa do sexo oposto não se
deu por escolha, não foi algo temporário e lhe trouxe severas consequências
psicológicas. A inexistência de um convívio social e de qualquer tipo de
relacionamento teria como resultado a formação de um indivíduo silencioso,
tímido e ingênuo. Acrescente-se a isto o eterno medo de ser descoberto, e
sequências como a em que
Nobbs evita o olhar de uma criança ganham novo significado.



E é justamente nos olhares e nas
expressões que Glenn Close – aqui, bem distante das mulheres intensas de Atração Fatal, Ligações Perigosas e da série Damages
– surpreende. Nobbs às vezes parece um boneco triste, perdido no meio das
pessoas e da necessidade de servi-las. E sem entender por que elas agem como
agem. Dispõe de poucas e objetivas informações sobre o comportamento humano e
procura segui-los à risca, a fim de não levantar qualquer suspeita sobre si
mesmo. Toda essa dificuldade, toda essa incompreensão, todo esse medo e
tristeza são resolvidos com tamanha sutileza e sensibilidade que este
resenhista flagrou-se mais de uma vez abandonando a leitura das legendas para
prestar atenção nas expressões da protagonista.



Perto do final, um personagem
comenta que “Não sei o que faz as pessoas levarem uma vida tão infeliz”. Nobbs
é infeliz por ter de reprimir quem realmente é. Alguns de seus pensamentos são
reproduzidos em flashes rápidos, como se o filme nos contasse um segredo. Ou em
breves indagações do garçom diante do espelho, depois da revelação ao dividir o
quarto com Page. Este, interpretado com brilho por Janet McTeer, será o divisor
de águas em sua vida. Além de responsável pela descoberta de uma identidade, Page é responsável por momentos comoventes como a tentativa de Nobbs de dizer algo engraçado, e do
comovente momento de liberdade, na praia.



Como filme, no entanto, Albert
Nobbs (Albert Nobbs, Reino
Unido/Irlanda, 2011) acaba não ficando à altura do personagem, nem de sua
intérprete. Nos momentos iniciais, o roteiro atrai e prende a atenção pelo
formalismo e pelos diálogos breves, mas reveladores (que Nobbs, quando
participa, é apenas como ouvinte). Ao criar, no entanto, uma trama paralela
mostrando o romance entre os empregados Helen e Joe (vividos por Mia Wasikowska e Aaron Johnson), por mais que este venha
interferir na vida do protagonista, o que se percebe é uma queda. Tanto a
história quando os dois personagens tornam-se insuficientes para manter a
atmosfera dramática iniciada, e ao espectador resta esperar que a câmera
retorne logo a Glenn Close.



Dirigido por Rodrigo Garcia
(colombiano egresso da TV americana, onde já havia dirigido episódios de Os Sopranos, A Sete Palmos, Carnivale
e Em Tratamento), o filme é rico em
detalhes visuais, como a cenografia detalhista, os figurinos e a fotografia nos
momentos de introspecção de Nobbs, e temáticos (exibindo uma sociedade
gananciosa e oportunista). Termina, no entanto, perdendo em intensidade e
sofrendo essas pequenas quebras de ritmo, fazendo com que o diretor deixe escapar
a possibilidade de realizar um pequeno clássico. Ainda assim, não é todo
dia que apreciadores da arte de representar têm diante de si um espetáculo como
este. Que não tenhamos de esperar mais 29 anos para ver Glenn Close em outro
grande papel no cinema.



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