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O Elogio da Mentira
(Raul Arruda Filho)

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Hábil
tecelã de novelas policiais, nesta, Patrícia Melo não economiza nos
ingredientes (cadáveres, discussões sobre métodos extravagantes para o crime, mulheres
insaciáveis, remorsos, etc..). Com uma prosa fluente o livro vai devorando o
leitor. Pelo menos até a metade da história. Depois é outra história.
Literalmente.

Talvez
seja esse o grande defeito do romance. Dividido em duas partes, o livro perde a
sua identidade. Entre o romance policial e a sátira de comportamento (2ª
parte), há uma dicotomia quase sem sentido.

José
Gruber é um escritor medíocre de livros policiais. Precisando ter um projeto
aprovado por seu patrão começa a copiar sinopses de grandes clássicos do
gênero: Agatha Christie, James Cain, Patrícia Highsmith, Rubem Fonseca. Outros
escritores "mais sérios" como Dostoiévski, Chesterton e Albert Camus
também são contemplados por essa paródia. Como sempre acontece na ficção, todos
são rejeitados. É como se a autora estivesse nos dizendo que existem dois
mundos paralelos na literatura e que livros como "Crime e Castigo",
"O Estrangeiro" ou "Dupla Indenização" não conseguiriam ser
publicados nos dias de hoje.

Simultaneamente
José Cruber conhece Fúlvia Melissa com quem se envolve em uma tórrida paixão. O
único inconveniente é que ela é casada. E parece não gostar do marido. Unindo o
inútil ao desagradável, começa a fazer a cabeça de Gruber para eliminar esse
obstáculo na sua felicidade. Como ela é bióloga e trabalha com ofídios,
inventam uma situação para que Ronald, o marido, seja picado por uma cobra. Nem
tudo acontece como havia sido programado.

Essa
é basicamente a estrutura do livro e se terminasse
por aqui seria uma novelinha interessante, divertida. E curta. Mas Patrícia
Melo queria fazer um pouco mais e ao enredo acrescentou outra história. Depois
de toda essa trapalhada com cobras, Gruber vira escritor de livros de
auto-ajuda. Ganha milhões escrevendo em um estilo que mistura Lair Ribeiro e
Paulo Coelho. De qualquer forma, os livros de José Gruber parecem construir
aquelas saladas que a turba ignara consome como se fosse caviar. Tudo
ornamentado pela corrosão do humor. Fel puro.

Trocando
em miúdos: "O Elogio da Mentira" é um pretenso romance policial
fazendo uma pretensa crítica de um outro estilo literário "menor". E
essa demolição atinge um nível de crueldade inimaginável. Mas, o problema é que
isso não tem sentido. Principalmente porque o propósito inicial de "O
Elogio da Mentira" é outro. A verdade é que o livro de Patrícia Melo sofre
a esquizofrenia de navegar entre o romance policial e pastiche mais amargo. Não
funciona. Melhor seria se fossem escritas duas novelas independentes, cada uma
tratando um assunto.



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