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Fedro
(Platão)

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Impossível encarar da mesma maneira a tarefa da escrita de um texto, a incumbência de proferir uma palestra ou ministrar aulas depois da leitura de Fedro, um dos mais respeitados discursos de Platão. Conhecido pela definição que traz do amor, é um verdadeiro manual de sobrevivência, de leitura imprescindível para todo jovem e adulto. Embora se trate de um texto argumentativo, que exige uma leitura mais atenta e o desenvolvimento de competências leitoras mais complexas, seu grau de dificuldade não impede que se eleja ao menos trechos para leitura e reflexão em sala de aula, pelas definições que traz não só do amor, mas também da arte da oratória e da escrita.Sócrates, o orador do texto, tem a postura do homem honrado, que dá o devido valor e importância à elaboração do discurso, seja escrito ou falado. Após ouvir do jovem amigo a leitura de um discurso sobre o amor proferido num banquete por Lísias, um sofista, Sócrates conclui que não percebera nada que distinguisse aquele discurso de outros já proferidos por outros sofistas, superficiais e incapazes de contribuir para uma conceituação mais elaborada dos temas tratados pelos ouvinte. Para eles, os sofistas (assemelhados a alguns oradores, palestrantes, políticos e advogados de hoje em dia) não estavam interessados na verdade e sim na obtenção de favores, reconhecimento e riquezas, não hesitando em manipular as palavras e os argumentos em seu próprio favor.Diante desse posicionamento, Fedro quer saber do amigo se este tinha a dizer algo superior ao dito por Lísias, para quem era preferível prestar favores ao não enamorado que ao enamorado.É quando, após pedir pela assistência dos deuses, Sócrates inicia uma argumentação cuja estrutura é digna de atenção de todos os que aspiram ou necessitam aprender a escrever e proferir textos argumentativos. Primeiro aponta uma das falhas do discurso do sofista: não definiu o objeto do discurso, limitando-se por emitir uma opinião e repeti-las por várias vezes, O que tornou o texto redundante. Para Sócrates, faltou a definição do tema, no caso o amor. Começa então por dizer que o amor é desejo pelo belo. Mas como os não enamorados também o desejam, surge o problema: como saber se o que se sente é amor?Sócrates responde a questão situando o desejo existente em todo ser humano em dois impulsos: o desejo inato e o desejo guiado pela opinião que visa o que é melhor,ou como ele mesmo diz, a temperança e a intemperança. Quem ama filtra seus desejos, doma seus instintos, é capaz de se afastar se perceber que o que sente corrompe a si e ao ser amado. Esse amor não é egoísta nem possessivo. É o amor ideal, já que não visa apenas o seu interesse, nem vê o outro como um objeto que lhe pertença.É interessante notar como Sócrates retoma o mesmo argumento valendo-se desta vez da alegoria da carroça. Nela, a alma é dividida em três aspectos: o cocheiro, e dois cavalos alados, um é belo e bom, o outro é de raça ruim, sendo assim, conduzir nosso carro (a vida) é ofício difícil e penoso. A alma participa do divino, mas um dos cavalos se arremessa para baixo... É o que seria esse baixo? O sexo pelo sexo, a glutonaria, o alcoolismo, a ira, a falta de princípios e suas consequências para a sociedade.Quem lê Fedro percebe de que se trata o amor platônico: é capaz de prescindir do sexo, é capaz de abrir mão da união com o amado se concluir que essa não lhe convém. É um amor comedido, regulado pelo autocontrole, não é impulsivo nem inconsequente, nem se perde em meio ao calor da atração.Quantos são capazes de tal amor? Para se amar assim, somente quem capaz de ficar sozinho, se está na relação é para partilhar, não visa o proveito próprio. A origem da escrita e o questionamento dos seus reais benefícios para a memória, a necessidade da apreensão da verdade para só então se dedicar ao discurso também são tratados neste belo. E sendo a verdade um dos temas centrais da filosofia, quem pouco dela sabe, se levarmos em consideração o que diz Sócrates, pouco serviço presta a quem o lê ou escuta. Nos dias de hoje, qual a pertinência da filosofia?Para Platão, toda possível.Imprescindível para quem quer saber o que é o amor, para quem quer aprender a escrever, para quem quer aprender a pensar.



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