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Observação, Registro, Reflexão
(Madalena Freire Weffort)

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Durante o processo de formação, de educação, não nos foi apresentada a maneira correta de olhar para o mundo. O que aprendemos, na verdade, foi a olhar e ouvir aquilo que está fora da realidade, fora de contexto, onde apenas vemos e escutamos o que queremos, aquilo que nos agrada. Entretanto, as ações de ver e ouvir devem ser mais do que isso, seguindo um processo de entender a realidade do outro segundo seu contexto, a partir de seu próprio ponto de vista.Com isso, é possível perceber aquilo que ainda não se sabe, já que nos deparamos com nossas próprias ideias e, a partir destas, observamos, estudamos e compreendemos aquilo que nos falta.Utilizar a observação como um instrumento aperfeiçoa o olhar, tanto do educador como do educando. Porém, este olhar deve ser direcionado, possuindo um foco específico. Isso devido à dificuldade de concentração. Por esse motivo, aconselha-se utilizar um foco de cada vez: aprendizagem, dinâmica ou coordenação. Com isto é possível passar para o educando a tarefa de observar o próprio processo de aprendizagem; a forma como tratou esse processo durante as aulas (individualmente e o grupo). A ação do educador observador, nesse caso, é atentar-se a situação pedagógica, fazendo parte da criação, do desenvolvimento e da aplicabilidade de todo o projeto. A observação é, assim, relacionada, diretamente, com o planejamento do educador, onde se dá continuidade no aprofundamento do conhecimento.Antes disso, existe o chamado “Ponto de Observação” que, como dito anteriormente, é o direcionamento pelo qual desenrolará todo o processo, prevendo no início do encontro o foco de toda a ação. Neste contexto, as perguntasfeitas ao educando são respondidas ao final da avaliação, confirmando-se ou não as hipóteses construídas no início do processo. Essas observações são novamente trabalhadas, após a criação de uma síntese de todo o registro, retomando-a no encontro seguinte. É possível perceber aqui que há uma sequencia em todo esse processo: observação, registro, reflexão, avaliação e planejamento. Estes são os denominados “Instrumentos Metodológicos”.O educador ensina a olhar, mas não superficialmente, um olhar mais crítico, reflexivo, um olhar pensante, para ampliar o conceito de observação.O olhar individual, que já possuímos, é subjetivo. Envolve a individualidade do ser; os momentos pelos quais cada um passou; o contexto histórico-cultural no qual cada um está inserido. A história da arte está intrinsecamente ligada a isso, pois apresenta como os diferentes povos, as diferentes culturas olharam para o mundo. Um olhar que, como dito anteriormente, cada um vê aquilo que quer ver. Isso para construir um mundo verdadeiro, onde cada indivíduo, a partir de suas vivências, cria uma compreensão de mundo.Relacionando, novamente, esse olhar pensante com a arte, percebe-se que há três diferentes formas de olhar para uma obra: Primeiridade, um primeiro contato, onde apenas a qualidade imediata é captada; Secundidade estabelece relação, quando o indivíduo identifica-se com a obra; Terceiridade, mais interpretativo, um olhar mais aguçado. Ao observar uma obra, busca-se seu significado e/ou questões a respeito de sua composição, de sua estrutura, observando-se do ângulo da objetividade do autor, ou seja, olhando através do olhar do outro. A interpretação se dá com uma sintonia entre a forma e o ponto de vista do indivíduo, isso por ser (o “interpretar”) um ato de sintonizar o real com a perspectiva de quem olha. Através desta interpretação, encontram-se os significados dessa realidade. É extremamente necessário possuir um olhar que possa ampliar-se a diferentes direções. Isso está, inclusive, relacionado ao processo educativo. Talvez, por termos recebido pouquíssima atenção quanto ao exercício de olhar, tenhamos um olhar tão “atrasado” em relação às artes, à interpretação.É preciso que haja um ambiente que permita ao aluno organizar suas ideias expondo-as, sem temer falar “bobagens”, para ampliar o conhecimento, tanto pessoal como do grupo, descobrindo o que se sabe e o que ainda não sabe. A pedagogia do olhar é necessária justamente para perceber os desvios do olhar e saber aprimorá-lo, exercitando e construindo suas competências.O ato de escrever, muito mais do que o de falar, é muito difícil. Deixa uma marca, nossa marca; é trabalhoso por exigir uma organização de ideias, com o objetivo de obter respostas para conhecer o outro, o mundo e a nós mesmos.O ato de refletir é uma expressão original, individual a cada sujeito, ou seja, não existe um modelo de reflexão. Cada educador carrega consigo uma maneira de pensar e agir, praticando sua reflexão, unindo teoria a prática. Isso é o que diferencia o homem dos animais, a reflexão, o registro, que exige um trabalho mental, intelectual, no qual é preciso analisar e sintetizar para escrever, trabalhando a estrutura textual e construindo as ideias, o pensamento, refletindo eapropriando-se.Tudo isso faz parte da prática de ensino, da prática pedagógica, que exige um educador para coordenar o grupo. Entretanto, não é um trabalho exclusivo do mesmo, mas sim entre educador e educando.É função do educador conhecer as hipóteses construídas pelo educando, trabalhando junto do mesmo a reflexão para romper com os estereótipos, aprimorar o que sabe e aprender o que não sabe, sistematizar os estudos relacionando prática a teoria, registrar os fatos (trabalhando a escrita). “Porque refletimos, desejamos, sonhamos, somos sujeito, fazemos educação”.



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