Empreendedorismo educativo dos jesuítas no Portugal Moderno.
(José Eduardo Franco e Maria Isabel Morán Cabanas)
O livro apresenta um documento importante sobre a argumentação endereçada pelos jesuítas portuguesesao rei de Espanha no dealbar do século XVII, resultado de uma importante e acesa controvérsia em torno do investimento educativo da Companhia de Jesus em Portugal, que, num processo acelerado, chega a criar o que em alguns estudiosos consideram a primeira rede global de ensino promovida na modernidade. Esta consegue realmente construir e expandir uma notável rede de colégios articulada com os dois polos de ensino universitários em Coimbra e em Évora. Para tais frutos em prol da educação foi necessário reunir recursos avultados, atraindo mecenas do Estado e privados. Isto veio a suscitar tanto amostras de admiração como de receio. Com efeito, a disputa acesa que o forte investimento na educação levanto acabou por confrontar duas perspetivas ou correntes acerca da importância e abrangência atribuídas à educação. Situamo-nos, portanto, perante uma das questões/fronteira da modernidade que passa precisamente pela visão da educação, do seu ideário e utilidade para o progresso ou para a decadência dos povos. A verdade é que o discurso a propósito de uma instrução generalizada e gratuita, aberta aos diferentes estratossociais, torna os jesuítas uns precursores daquilo que será consagrado mais tarde como uma das prioridades de qualquer estado avançado. Neste sentido, a educação é afirmada como instrumento imprescindível de perfetibilidade] do indivíduo e da sociedade contra os que a combatiam ou a defendiam apenas reservada a uma pequena elite. Os Padres da Companhia argumentam a favor da fórmula EDUCAÇÃO=PROGRESSO com empenho e rigor, ilustrando e lembrando as vantagens de um povo culto ao longo das diversas etapas da história. Desde a entrada dos religiosos da Companhia de Jesus em Portugal em 1540 assistimos no nosso país à criação, em poucas décadas, de uma rede de instituições de ensino, tendo na base uma metodologia de estudos nova e inovadora, desenvolvida e compilada na famosa Ratio Studiorum. Os colégios, que atingiram o número de trinta até ao momento da expulsão da Companhia pelo Marquês de Pombal, estavam distribuídos pelos mais importantes núcleos urbanos desde o Norte ao Sul do país, passando pelas ilhas e estendendo-se ao mundo ultramarino português implantado na África, Ásia e América. Acolher um destes colégios com a sua arquitetura imponente ladeada geralmente por uma igreja muito cuidada artisticamente era sinal de prestígio e representava um pólo de intensa fermentação cultural: "A necessidade natural do homem de saber e de se integrar no bem cívico são apresentadas como motivos mais do que suficientes para a divulgação do ensino e para que os pais se preocupem seriamente em enviar os seus filhos àescola, conduta que também devem seguir os príncipes em relação aos seus súbditos". O PIONEIRISMO DO LIVRO destaca na tradução e edilção tão cuidada (corregindo gralhas e comentando-as, explicando passo a passo certas referências, datações, atribuições autoriais, etc) de um texto enviado nas primeiras décadas do século XVII sob o título de "Información en la causa de los estudios del Reyno de Portugal" para as figuras de grande poder no Reino, o Duque de Lerma e o Conde Duque de Olivares. Sobre a projeção destas figuras também se fala no livro.
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