Maupassant (Henry-René-Albert-Guy de)
(Jules Huret)
Maupassant (Henry-René-Albert-Guy de)
Autor francês – nasceu no castelo de Miromesnil (Seine Inférieure) no dia 5 de agosto, morreu em Auteuil no dia 6 de julho de 1893. Sua família era da Lorraine. Seu avô cuidava de negócios agrícolas, em Neuville-Champ-d’Oisil, nas imediações de Rouen. Seu pai ocupava-se com negócios na Bolsa. Sua mãe, mulher muito distinta, amiga de infância de Flaubert, exerceu grande influência sobre Maupassant.
Começou seus estudos no colégio de Yvetot, e completou no liceu de Rouen. Aos 18 anos entrou no ministério da Marinha, depois passou a trabalhar na Instrução Pública, sob as ordens de M. Bardoux, amigo de Flaubert.
Como Flaubert, ele começou a escrever bem tarde. Des Vers aparece em 1880. Em seguida vem Boule de suif, onde se revela todas as qualidades de observação penetrante e estilo que o colocam na liderança da jovem geração de literatos. E seguiu uma longa série de contos, de romances e de peças teatrais.
Escreveu 27 volumes em 10 anos. Nesse período Flaubert escreveu 2 volumes.
Quando jovem, recebeu as lições do mestre de Croisset. Ele enviava os seus primeiros ensaios, e o outro os devolvia dizendo: “Eu não entendi o que você quis dizer”, até o dia em que Maupassant descobriu, depois de muito exercício, a palavra exata e a metáfora luminosa. Essa educação severa, explica a clareza e a segurança de seu estilo.
Somente quando seu “mestre” lhe disse: “vai em frente, meu filho”, que ele arriscou a publicar seu primeiro trabalho: Des Vers. Nesse primeiro ensaio já se percebe o embrião de suas qualidades: imaginação, penetração psicológica, enfim, a sinceridade da forte robustez de sua natureza. Entretanto, Maupassant não é poeta, no sentido geral em que esta palavra é empregada. E isso não é nenhuma censura. Ele é incapaz de criar do nada, de inventar a afubalação de um conto ou um romance. Sua natureza sincera recusa às mentiras da emoção ou mesmo da descrição. Em tudo o que ele escreveu, pode estar certo que partiu de algum fato real, observado, ou de uma história que alguém lhe narrou. Todos os seus personagens foram copiados em lugar, na sua vida cotidiana, ou em suas recordações, ou nas confidências dos amigos. Mas, ninguém conseguiu dar mais relevo impressionante da sua individualidade em movimento.
No começo de sua vida literária, na plenitude de sua força física de atleta, ele se dedica por inteiro, ao estilo cômico, alegre e transbordante do conto “gaulês”, do qual, as maiorias dos críticos contemporâneos o consideram mestre incontestável.
É possível ler em todo lugar que Maupassant era um observador imparcial. Creio que existe uma confusão de dois termos. Maupassant era um observador sincero, o que é uma coisa diferente. É preciso entender que ele jamais misturava sua própria psicologia com a de seus personagens. Para ser imparcial, seria necessário passar suas sensações pelo crivo da razão. Ora, esse sensitivo exasperado e impulsivo era incapaz de raciocinar no meio de suas impressões, assim como não é possível fazer uma fotografia apanhada pela claridade. Mas como na fotografia, ele é sincero, pois se ele não vê sempre todos os aspectos das coisas, explicita com honestidade o que ele percebe.
A rapidez e a abundância de seus livros limitaram fatalmente sua profundidade de visão. Entretanto, seus dons extraordinários de intensidade de observação compensam, em parte, sua falta de profundidade de analise. Ele vê tão claro, tão justo, e a disciplina de sua linguagem é tal que lhe basta uma frase para descrever o relevo de uma fisionomia, o gesto característico de um indivíduo, mesmo todo o perfil de um personagem. Indiscutivelmente, ele deve a Flaubert esta arte de simplificação por assim dizer clássica, como também sua capacidade de composição, ampla e sóbria, a fria ironia de suas frases concisas que exprimem com singular relevo os aspectos ridículos do que ele observa.
Maupassant era um voluptuoso inquieto e a misantropia do final de sua vida não desmente isso. Esta frase que escreveu, é o seu “auto-retrato” completo: “Existem dias que eu sinto um horror de tudo o que existe, a ponto de desejar a morte. Em outros, pelo contrário, tenho uma ânsia de fluir de tudo como se fosse um animal”.
Apesar de se mostrar pessimista em certas passagens de seus escritos, poderíamos selecionar 100 trechos de seus contos onde se encontra numa forma admirável sua ternura por um belo céu noturno, por uma clareira banhada pelo sol, por um campo perfumado, por mil palpitações da vida.
Ele morreu depois de 18 meses de internação, em Auteuil.
Jules Huret – La grand encyclopedie – vol. 23veja mais artigos acessando: www.baudoautodidata.blogspot.com.br
Resumos Relacionados
- Além
- O Romance Realista Francês
- O Naturalismo Francês
- Adeus Mistérios
- O Achado
|
|