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A Praga de Nanã
(A Umbanda como ela é!)

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Nanã Buruquê, a
velha senhora do pântano, era considerada a grande justiceira. Para todo e qualquer
problema ocorrido em seu reino, era logo convocada pelos habitantes para ser a
juíza das causas. Apesar de, sendo a mais velha, ser sempre muito respeitada em
seus julgamentos, era conhecida como aquela que sempre castigava mais os
homens, perdoando as mulheres com maior facilidade.
Nanã possuía em seu palácio um jardim onde havia um quarto especial para os eguns que eram cuidados e comandados por ela. Quando
acontecia de alguma mulher reclamar do marido, a velha senhora mandava
prendê-lo nesse quarto para que fosse assustado pelos eguns. O réu era solto
logo depois, mas o trauma causado pela experiência acompanhava-o por anos a fio.
Oxalufã sabedor dessas atitudes, depois de inúmeras reclamações, resolveu visitá-la. Chegou ao seu palácio
faminto e pediu a Nanã que lhe preparasse um suco com igbis. Ela, respeitosa
diante da magnitude do velho rei, o recebeu com honras e rapidamente preparou a
bebida.

Oxalufã, experiente e esperto, fez
Nanã beber da preparação e, com isso, tornou-a doce e calma fazendo com
que pouco a pouco ela fosse cedendo aos seus pedidos. Após alguns dias de calma
conversação Oxalufã conseguiu ser levado
ao tal jardim secreto e, como quem não
quer nada, pediu explicações de como ela controlava tantos eguns, no que foi
atendido prontamente.

No dia
seguinte Nanã teve de ausentar-se, Oxalufã então vestiu-se de mulher e foi ter
com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia, ordenando-lhes que
deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia naquela casa. Ao retornar, Nanã tomou conhecimento do fato e zangou-se
seriamente com o velho rei, colocou-o para fora de seu palácio e rogou-lhe a
praga de que a partir dali ele nunca mais usaria vestes masculinas. É por isso que
até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida e cobre o rosto como as deusas
rainhas.



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