Resumo de O "Morbihan" (Bretanha) aos olhos das lendas -

Morbihan (literalmente «pequeno mar» em bretão) é ainda um dos raros departamentos rodeados pelo mar que resiste ainda à invasão do betão.Por si só, possui um grande número de histórias tão detalhadas que parecem verdadeiras. Os seus moradores, ao longo dos séculos, criaram com paixão estas histórias, que se contavam à noitinha antes que a electrónica se apoderasse deste mundo.Visitar Morbihan, é vê-lo com olhos de crianças, tanto espantados como receosos, mas sempre curiosos pelas personagens míticas que evoluem nas suas terras. Passear pelos caminhos costeiros com esperança de ver os "korrigans", terríveis monstrinhos ou dóceis elfos, que dependendo do humor deles, farão rir com as suas palhaçadas ou tremer com partidas cínicas. Por vezes, quando são incomodados, acontece de proporem desafios aos mortais e se estes os cumprirem, os "korrigans" concedem um desejo. Se durante um passeio, tiver a sorte de encontrar um, mantenha-se sempre humilde, não os contradiga e eles oferecerão-lhe um desejo.E quando a noite cai, quando o cão cede o lugar ao lobo, é melhor abrir bem os ouvidos para não cruzar o caminho do "Ankou".O "Ankou", este personagem aterrador, a última palavra do ano, armado com uma foice com a obrigação de recolher durante 12 meses todas as personagens na agonia. Na sua carroça, carregada de pedras, ele emite um barulho diabólico e ai daquele que não sair rapidamente do seu caminho, pois corre o risco de ele trocar as pedras pelo seu corpo.Mas quando o dia regressa, passear pelas suas terras pode se tornar num conto de fadas. Basta seguir a estrada que leva à floresta de Paimpont, antigamente chamada Brocéliande (floresta negra). Todas as lendas do rei Artur surgiram daí, mas de todos os seus autores o mais prolífico foi sem dúvida, Chrétien de Troyes.Penetrar na floresta negra, quando o orvalho emite a sua aragem é um momento mágico e a atmosfera que emerge convida a sonhar. É o domínio de Merlin, da fada Viviane, da meia irmã de Artur, Morgana, e dos quais as sombras vagas se misturam com as folhas das árvores. Avançando pela floresta, encontra-se um ponto de água, a fonte de Barenton, que parecendo insignificante, é uma passagem importante na epopeia do Rei Artur. Foi neste mesmo local que Merlin e Viviane se encontraram pela primeira vez e se amaram no «jardim da alegria» que o feiticeiro fez aparecer para seduzir a fada. Mas a fada, seduzida pelo poder , aproveitou-se do amor do mágico para descobrir todos os seus segredos. Quando obteve o que quis, ela trancou Merlin numa gruta de onde ele não conseguiu sair. E é assim que na floresta negra pode-se reunir perto do túmulo de Merlin e porque não pedir um desejo.Durante algum tempo Morbihan rejeitou as suas belas lendas arrastadas pela agitação da Revolução. Quer fosse o sangue dos "Chouans" ou dos Republicanos, as suas terras foram regadas pelo sangue e as cicatrizes permaneceram durante muito tempo.É por isso melhor esquecer estas carnificinas e percorrer este canto da Bretanha para ouvir o riso dos "korrigans", admirar a beleza das fadas, livrar Merlin da sua maldição ou descobrir o mistério da dama do lago. Morbihan, com os seus seres quiméricos, as suas terras onde dançam os duendes, as suas enseadas recortadas que o oceano esculpiu maravilhosamente não poderão deixá-lo indiferente.

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