Resumo de Para que serve a História -

Se fosse a alguns anos atrás, diria que não serve
para nada. Uns anos mais à frente, eu diria que dá a cada uma de nós
conhecimentos para sermos pessoas cultas na sociedade.

Nós
não podemos olhar para a História e vê-la apenas como uma disciplina de cultura
e conhecimento sobre o passado civilizacional. É um erro terrível considerar
que apenas se resume ao passado do Ser Humano, quando esta também requer o
presente. Isto porque o trabalho de um historiador não pode estar centrado no
passado da civilização. Exige que seja um viajante do tempo, entre presente e
passado, passado e presente. É necessário que assim seja, pois a observação do
tempo social necessita de uma metodologia para o desenvolvimento das ciências
sociais e humanas.

Apesar
de a sua origem helenística remota à dois mil anos atrás, não significa que
esta tenha se apresentado tal como a conhecemos. Nem toda a história diz respeito
ao oficio do historiador, uma vez que não faz sentido entender a história
relacionada com física, astronomia ou geologia, a não ser, claro, que estas se
relacionem com o objeto de estudo para o historiador, no que respeita à história da civilização ou da cultura.

Uma
vez que ela não pode ser entendida como uma ciência que estuda o passado,
deveremos conhecê-la como a ciência que estuda o Ser Humano no tempo.

No
entanto, é notória a existência de uma crise geral no que toca às ciências
humanas. Essa crise é o resultado dos vários progressos realizados e que ainda
não conseguiram encontrar lugar numa civilização que não acompanhou a evolução
desses mesmos progressos. Ou seja, a adaptação desses conhecimentos às
necessidades sociais, bem como o comportamento social aos conhecimentos, tem
sido a pedra de tropeço das ciências humanas.

E
pode a história ajudar na resolução dessa crise? Estou convicto que sim! Já
mencionei que a História e a ciência que estuda a civilização no tempo e todos
os traços culturais que a constituem e por isso, encontra-se numa posição
privilegiada para encontrar o «calcanhar de Aquiles» que tem criado a separação
entre os progressos do conhecimento social e a sociedade.

Se
observarmos a história, podemos constatar que houve uma rápida democratização
do ensino, mas, no que toca a introdução de novos conhecimentos, o processo tem
sido mais lento.

Isso
mostra como a História, nos dias de hoje, tem sido subaproveitada para dar
ênfase à criação de soluções para crises, seja qual for a natureza delas.
Grande parte das questões que se levantam, já foram tidas em conta no passado.
Não que tenham tido o mesmo impacto e que a solução do passado seja adequada ao
presente, mas, a essência para criar a solução é a mesma. Por exemplo, numa
crise económica, em que o emprego tem sido o ponto mais complexo de se
solucionar, com a utilidade da história, entender-se-ia que existem outras
atividades económicas, como no setor primário e o secundário, capazes de dar
respostas de pedidos de emprego, e combater o flagelo da desertificação das
localidades rurais.

A
falta de compreensão histórica tem sido o mais grave problema da civilização.
Como diria Edmund Burke: «Those who don't
know history are doomed to repeat it» . E não se
quer lá ver que Portugal já vai na segunda intervenção do FMI?

Seja
na Economia, na Política, na Sociologia, na Psicologia, na Tecnologia, ou outra
ciência, a História tem um contributo fundamental. Ela, a História, é em si o
conjunto de várias histórias, com vários pareceres multi-temporais, o que
significa que também absorve o conhecimento cientifico das outras ciências
sociais, dando também o seu contributo para a elevação das mesmas. E o seu
contributo amplia a nossa visão sobre sociedade. Faz nos entender que os
acontecimentos resultam de uma variedade de causas e condições, que embora
sejam aleatórias, seguem um padrão racional que permite a sua observação para
descobrir e explicar seja o que for resultante de uma inovação ou de uma
repetição. Mas o que se observa é as ciências sociais a prescindir da
explicação histórica, pela atualização dos estudos sociais limitados a um
passado mais próximo e sob a forma de matemáticas sociais.

Não
se trata apenas que decorar ou memorizar fatos históricos, mas, acima disso,
conseguir compreender e de manter viva a chama pela luta da sobrevivência da
humanidade. Se não for reconhecido o valor histórico presente numa civilização,
também será impossível atingir uma verdade histórica da mesma viveremos numa
civilização alicerçada sobre areias movediças. Conhecendo a história
desenvolve-se estratégias de sobrevivência e a possibilidade de alterar o
futuro.

Para
que serve a História? A História é a resposta para a pergunta «quem somos
nós?». É o nossa cartão de civil, que nos identifica individualmente e
coletivamente, que, à medida que o constrói, permite descobrir o seu passado,
abrindo novas linhas de investigação e entendimento interdisciplinar.Bibliografia

BLOCH, Marc – Introdução à História. Prefácio
de Jaques Le Goff, Edição revista, aumentada e criticada por Étienne Bloch. 2ª
Edição Lisboa, Publicações Europa-América, Fórum da História, 2010.

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DICIONARIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL dir. de
Joel Serrão, II vol., Porto, Livraria Figueirinhas, 1990 (reedição).

BLACH, Matheus– Sobre o Conceito de
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Disponível na Internet: http://www.sobrehistoria.org/sobre-o-conceito-de-civilizacao/

HISTORIA EM DEBATE – Manifesto História
em Debate. Universidade de Coimbral. Trad. Margarida Sobral Neto. 11 de
Setembro de 2001. Disponível na Internet: http://www.h-debate.com/Spanish/manifiesto/idiomas_manf/manifiesto_had_pt.htm

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