A Amizade de Orumilá e Exu 
(A Umbanda como ela é)
  
O filho mais velho de Olorum era Orumilá e foi ele quem
 trouxe aos humanos o conhecimento do destino através dos búzios. Exu, pelo contrário,
 sempre se esforçou para criar mal-entendidos e rupturas, tanto aos humanos como
 aos Orixás. Orumilá era pacifico e calmo e Exu, quente e arrebatador como o
 fogo. 
 
 Usando oráculos diversos, Orumilá revelava aos homens as
 intenções do supremo deus Olorum e os significados do destino que os aguardava guiando
 seus caminhos e indicando as melhores rotas. Já Exu os emboscava na estrada e tornava
 todas as coisas incertas. O caráter de Orumilá era o destino, o de Exu, o
 acidente. Mesmo com tantas diferenças, ou por causa delas, ficaram amigos
 íntimos. E foi assim que aconteceu...
 
 Em certa ocasião Orumilá viajou com alguns acompanhantes. Os
 homens de seu séquito não levavam nada, mas ele portava uma sacola na qual
 guardava o tabuleiro e os Obis preparados que usava para ler o futuro. Acontece
 que nessa comitiva muitos tinham inveja do seu dom divinatório e desejavam
 apoderar-se de sua sacola.
 
 Um dos homens mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para
 carregar a sacola. Um outro também se dispôs à mesma tarefa e eles discutiram
 sobre quem deveria carrega-la.
 
 Até que Orumilá encerrou o assunto dizendo: “Eu não estou
 cansado. Eu mesmo a carrego”.
 
 Ao chegar em casa Orumilá refletiu sobre o incidente e quis
 saber quem realmente agira como um amigo de fato e pensou num plano para
 descobrir.  
 
 Fez correr o boato de que havia morrido e escondeu-se atrás
 da casa, onde não podia ser visto. E lá esperou.
 
 Depois de um tempo, um de seus acompanhantes veio expressar
 seu pesar lamentando o acontecido e dizendo ter sido um grande amigo do defunto
 e que muitas vezes o ajudara com dinheiro. Disse ainda que, por gratidão,
 Orumilá lhe teria deixado seus instrumentos de adivinhar.
 
 A esposa de Orumilá demonstrou ter compreendido, mas disse
 que a sacola havia desaparecido. E o homem foi embora frustrado. Outro homem veio
 chorando e pediu a mesma coisa e também foi embora desapontado. E assim, todos
 os que vieram fizeram o mesmo pedido. Até que Exu chegou.
 
 Exu também lamentou profundamente a morte do suposto amigo.
 Mas disse que a tristeza maior seria da esposa, que não teria mais pra quem
 cozinhar. Ela concordou e perguntou se Orumilá não lhe devia nada. Exu disse
 que não. A mulher insistiu, perguntando se Exu não queria a sacola de
 adivinhação. Exu negou novamente. Aí Orumilá entrou na sala, dizendo: “Exu, tu sim
 és meu verdadeiro amigo!”. Depois disso nunca houve amigos tão íntimos, quanto
 Exu e Orumilá. 
 
  
 
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