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Cabeça De Porco
(Celso Athayde, MV Bill e Luiz Eduardo Soares)

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O rapper MV Bill e o seu empresário Celso Athayde saíram atrás dessas respostas. Com extrema coragem, foram movidos pela obrigação moral de querer entender os vários brasis que, divididos em muros invisíveis, de um lado preservam a vida dos elitizados e, do outro, condenam crianças e jovens a serem presas fáceis para o submundo do crime e das drogas.
Dispostos a mergulhar no convívio com os excluídos, os dois entrevistaram e filmaram vários depoimentos com jovens que vivem do tráfico de drogas em nove capitais brasileiras.
Após sete anos de pesquisa, concluíram um vídeo, Soldado de morro, o documentário Falcão ? Meninos do tráfico o livro Cabeça de Porco, cuja expressão designa, na gíria das favelas cariocas, situações confusas e sem saída.
Como os dois mesmo relatam, a obra é a oportunidade de apresentar um Brasil ao outro, de mostrar uma realidade tão próxima e desconhecida de grande parte da sociedade. A esta pesquisa original, descrita com a emoção que só a voz em primeira pessoa permite, se associam um conjunto de registros etnográficos sobre juventude, violência e polícia escritos pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-subsecretário de Segurança Pública do Estado do Rio e ex-secretário nacional de Segurança Pública.
A violência os três conheciam muito bem do convívio diário nas favelas, caso de MV Bill e Celso Athaide que nasceram na Cidade de Deus e na Favela do Sapo, respectivamente. O que os instigou foi a possibilidade de encontrar outras realidades, outros becos, outros morros e outras bocas de fumo, a quilômetros de distância da cidade maravilhosa, tão estilhaçada, valorizada e usada como modelo de violência pela imprensa.
No Brasil, grande parte das vezes, a desigualdade e a injustiça têm cores pálida e negra e classe social predominantemente pobre. Muitas dessas visitas prosseguiam às batidas policias. Com o risco de serem confundidos com traficantes ou de colocarem seus entrevistados em perigo, as gravações eram interrompidas e, quando percebiam, lá estavam os dois escondidos em algum buraco. Em momentos mais amenos, MV Bill era recebido com papel, caneta e máquina fotográfica.
O resultado final é um trabalho sem idealizar ou prejulgar nenhum dos personagens em seus relatos, entrevistas e ensaios. Sem o peso da denúncia social e política, Cabeça de Porco não oferece soluções mágicas. O seu objetivo é claro: abrir caminhos em nossos pensamentos e nos fazer refletir sobre o circulo da violência e das drogas. Um retrato sincero de três brasileiros preocupados com o destino autodestrutivo, a falta de oportunidade e as condições sociais e políticas que condenam jovens a crescerem imersos no mundo das drogas e dos crimes.
No final de 2002, o livro foi aceito pela editora Objetiva e os três autores se reuniram para desenvolverem melhor o projeto e discutirem as pesquisas. De acordo com MV Bill, esse livro é um documento importante principalmente por não ficar somente debruçado nos acontecimentos, mas assumimos o nosso lado marginal e nossas contradições. Ler esse livro é mesmo que fazer uma viagem ao próprio corpo, que estão tão perto, mas ao mesmo tempo é tão desconhecido.
Para Luís, a cena marcante foi a morte de Márcio Amaro de Oliveira, conhecido como Marcinho VP, pois seu corpo estava numa caçamba de lixo da penitenciária, onde cumpria pena, coberto de livros e um cartaz: Nunca mais vai ler. Márcio voltou a ler com a ajuda do cineasta João Salles há pouco tempo de sua morte. Estava aplicado em obras de Machado de Assis, Lima Barreto, Sergio Buarque de Holanda e outros. Isso significa que o livro tem um papel revolucionário, pois é um instrumento que permite uma mudança social do homem. Isso é uma coisa intolerável para quem vive com o rótulo de marginal, que a pessoa possa mudar. Companheiros de prisão não permitiram que ele transgredisse a única lei inviolável: não serás outro (para que eu permaneça o que sou).
Na opinião do antropólogo, a situação descrita pelo livro deve ser resolvidade uma forma multidimensional. Ou seja, uma união de todos os níveis sociais, econômicas e simbólicos. Nós tendemos a rotular o jovem que comete um crime como um criminoso e o lacramos numa instituição de internação. Não admitimos a mudança desse jovem.
Para ele, precisamos customizar as políticas sociais, ou seja, adaptá-las a cada caso, respeitando a individualidade do jovem e sua vontade. A expressão artística promove o aumento da auto-estima do jovem. A arte, a cultura, a criação estética e cultural. Seriam os pontos principais a serem desenvolvidos. Por isso, tem uma importância o hip hop, grafite e outras alternativas, pois são populares e vinculados a idéia de cidadania, respeito e paz.



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