Virando A Mesa
(Diane Goodman)
Um paciente difícil pode ser acalmado. Basta uma boa conversa, compaixão e consideração. Edna era uma senhora forte, conhecida pelo penhoar surrado, e a pele branca. Professora de matemática aposentada restabelecia-se em um hospital de uma diverticulite. Aos berros, pedia café e pimenta, esquecendo-se das dores. Tinha mania de alinhar as pílulas, antes de tomá-las. Exigia da enfermeira uma tremenda paciência. E a batalha da mesa de cabeceira? Edna exigiu duas mesas. Organizava, na primeira, canetas, botão de alarme, óculos, livros, lenços de papel, chinelos. As refeições, fazia na outra.
As mesas deveriam ser alinhadas com precisão matemática. Bem se mostrava que aquela era uma senhora com enorme vivência em lógica e organização.
Foi então que surgiu a enfermeira Sue na vida da Senhora Edna. A amargura e a rabugice desapareceram diante da paciência de Sue.
Certa vez, ao levar a sua refeição, perguntou como gostava das mesas. A senhora Edna sentou-se animada na cama, explicando-lhe minuciosamente. A primeira enfermeira surpreende-se com a mudança. Certa senhora Edna tomou calmamente a medicação e continuou a conversa com Sue. Já eram amigas. Sua vida nos últimos tempos não estava fácil. Cuidou de uma irmã até à morte. Depois foi a vez do seu cachorrinho poodle. Agora era a diverticulite. Para se controlar, apegou-se às mesas. Com a chegada de Sue, as mesas não tiveram mais importância. Sua saúde melhorou logo. A senhora Edna tinha, agora, alguém que se preocupava com ela. Isso curou-a da doença e da rabugice.
Uma palavra amiga, atenção, carinho, são remédios, às vezes insubstituíveis. Não é mesmo, Dona Edna?
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