Resumo de Deus Caritas Est

O Papa escreveu

O reacionário teólogo, hoje Papa Bento XVI, escreveu sua primeira Carta Encíclica. Logo que o Cardeal Ratzinger foi aclamado Papa, num conclave em que diversas opiniões se digladiavam para tomar a direção da Igreja, uma questão veio à tona, qual será a política social deste novo papado?
Agora, após escrever sua primeira Carta, a ?Deus Caritas Est? (Deus é amor), fica nítido o ideal que norteará seu pontificado, um ideal de manutenção do ?status quo?. Este texto veio discutir as diversas interpretações dadas ao amor. Assim, em cada intensidade o amor é apresentado e abordado. Comenta um pouco sobre o amor ?Eros?, o amor carnal, vital, que une homem e mulher, perpassa pelo amor ?filos?, amor de convivência, amor nutrido pelos amigos. E por fim, num texto simples, porém muito rebuscado, se detém no amor ágape (caridade), tratando do amor-doação, da relação amorosa de entrega e serviço.
Quando entra no tema do amor doação, se posiciona como o conservador João Paulo II, pois tenta desviar o assunto de uma política social, fixando-se numa idéia assistencialista de ajuda. Assim, o Papa parece pensar de modo capitalista, numa visão neoliberal, onde não deve haver transformação social, mas somente uma compreensão romantizada do amor cristão. De modo que todos vivam bem defendendo as posses e bens.
Nesta compreensão o pobre não deve dar o salto para tornando-se forte, mas deve permanecer existindo miseravelmente para que tenhamos sempre alguém necessitando de nossa ajuda, pois, afinal, essa caridade assistencialista, vazia e sem perspectiva de crescimento, garante a todos um tesouro no céu.
Quando teremos novamente à frente a Igreja homens como João XXIII ou Paulo VI, que foram não somente teólogos, mas homens dotados de um espírito verdadeiramente voltado para o povo, um espírito pastoral? Não é o populismo que faz de um homem grande, mas a capacidade que este tem de observar as necessidades e de ajudar de modo pontual em cada uma delas.
Nos mostramos desorientados ao ler a carta papal, principalmente quando se refere ao trabalho social feito pelos cristãos, pois Ratzinger diz: ?eles não se devem inspirar nas ideologias do melhoramento do mundo?. Curiosamente há uma menção ao modelo libertador da teologia latino-americana, uma menção negativa é claro.
Até onde sabíamos e tínhamos lido, nos evangelhos, o amor cristão é revolucionário, sendo uma ideologia de melhoramento do mundo. Uma verdadeira caça a hipocrisia e uma ode aos que viviam com intensidade os ideais propostos. Cristo ?não veio trazer a paz, mas sim a espada?. Essa espada, a que Jesus se refere, parece vir para desestruturar a famosa ?pax romana? vivida naqueles tempos. Falsa paz que hoje insistimos em manter.

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