Nanocontagem
(JR Borim)
A luta da Spiderwoman
Moro num prédio altíssimo no centro de Margareth´s Town - eu.
O lugar é bonito, arborizado; as meninas andam de shortinho, as velhas de saiote; os caras fumam um beck logo cedo - eu.
E daí? - eu.
Bom, escrevo tragicrônicas para um jornal local, "Sangue de Bairro", o semanal mais tremendão do bairro - eu.
Tenho fãs aonde vou, seja no supermercado ou no boteco do Fabrício - eu.
Minha sina é escrever e mostrar a face humana - eu.
Escrevi sobre a minha vizinha do andar de cima, meio no anonimato, mas; elas sempre descobrem - eu.
Disse que ela tinha um caso com o frentista do posto em frente ao meu prédio - eu.
Uma historinha na qual o marido flagra a mulher, seu amante e lhe dá um dia de Spiderwoman - eu.
Puxa-a pelos cabelos, leva-a para a sacada e joga a pobre para trepar onde a sorte mandar - eu.
O que ouço? - eu.
Ahhhhhhhhhhhhhhhh!
Lá embaixo, parece um bloco de concreto - eu.
Spiderwoman é demais - eu.
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