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A Noite Do Ventre, O Diamante
(Moacir Sclyar)

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Na noite do ventre, o diamante
Moacyr Scliar

A festa do Shabat, um ritual de todas as sextas-feiras, costumava ocorrer em uma aldeia localizada no sul da Rússia. Para isto, Esther organizava sua humilde casa e contava com a presença do marido, Itzik Nussembaum, assim como a de seus filhos Guedali e Dudl.
Diante da mesa posta e, antes da refeição, Esther mostrava aos familiares o maltratado dedo, dizendo as seguintes palavras: "Olhem este dedo... Olhem e me digam o que é este dedo? Hein? O que é este dedo?". Em seguida, respondia que não era nada. Contudo, às sextas-feiras, o precioso anel colocado no anular tinha o poder de transformar a mulher que o estivesse usando. O nada passa a ser tudo.
A história da pedra, na verdade, inicia-se no Brasil durante o século XVII. Uma pequena vila, o Arraial da Cabra Branca, em Minas Gerais, fora fundada por Pero Santiago, o Destemido, o qual buscava por esmeraldas. O grupo do Destemido havia saído de São Paulo, passando a percorrer o sertão agreste.
Fugindo da Inquisição, um cristão-novo, Gaspar Mendes, sai da vila em MG e leva consigo a pedra para a Holanda, local onde é lapidada por um discípulo do filósofo Spinoza, o Rafael. Contudo, um segundo discípulo, Diego Moreino, a rouba e segue em direção à Rússia.

O diamante, muitos anos depois, isto é, no século XX, torna-se uma herança familiar, e Esther passa a usá-lo. Em busca de uma vida melhor, a família Nussembaum tenta uma fuga para o Brasil. No entanto, é preciso proteger o anel ao tentar atravessar a fronteira e, por isto, um dos filhos engole o aro, e o outro, o diamante.
O filho mais novo, Dudl, consegue ?devolver? o aro do anel à família após tê-lo engolido. Contudo, Guedali, fica com o diamante preso em uma pequena bolsinha no intestino. O fato gera muitos conflitos, entre eles, o desespero dos pais ? principalmente de Esther, que é obcecada pela pedra. Tentam operá-lo, mas o menino foge da mesa de cirurgia em pânico. Conformados, levam uma vida simples no Brasil: Dudl passa a ser David; Guedali passa a chamar-se Gregório; o pai, Itzik assume o nome de Isaac.
Pouco tempo depois, Isaac e Esther morrem em um acidente, atingidos por uma marquise de um prédio em construção. A situação separou os irmãos. Em clima de discórdia, pois Gregório não havia devolvido a pedra a eles antes de sua morte, os irmãos foram separados. O mais velho fora morar com a tia, ajudando-a nos negócios até os 18 anos, enquanto David partira com outros familiares. Casa-se com Sofia e tem um filho, formando uma família bastante humilde. Enquanto passa dificuldades, o irmão fica com a pedra na barriga... Assim pensa.
Gregório não casa, apenas namora Raquel por pouco tempo. A tia falece, e a namorada o abandona. Passados 10 anos, David o processa judicialmente, exigindo o diamante. Estava completamente só. Os jornais publicaram o acontecido, e sabendo da situação, o filho do médico que houvera tentado operá-lo quando menino, o seqüestrou para abrir seu intestino e roubar a pedra. Fugiria para outro local, se tivesse conseguido, mas tremia muito com o bisturi na mão. Aconselhou Gregório a fugir se São Paulo e ir para uma cidade pequena. O rapaz, então, com o diamante no ventre, decidiu ir para o local de origem da pedra: o Arraial da Cabra Branca.
Um padre da cidadezinha contou a ele sobre o tempo do Santo Ofício, sobre Pedro do Carmo, que perseguia Gaspar Mendes (o homem responsável pela lapidação do diamante), e que deixou muitos escritos naquela igreja. Gaspar Mendes, o cristão-novo, o qual fugia da Inquisição, foi quem buscou a pedra em uma mina que ficava no Morro do Índio. Lá morava apenas uma mulher, a qual os habitantes da aldeia chamavam de "maluca". Vivia sozinha, isolada de todos.
O fato despertou a curiosidade de Gregório, que foi até a mina e conheceu a moça, a Maruca. O diamante, então, no ventre de Guedali, volta ao lugar de origem. Ficaram amigos, e ela o contou que ali morava porque prometera ao pai que iria encontrar ao menos uma peedra de diamante.
Apaixonaram-se. Gregório decidiu que a assumiria como esposa e que iriam partir para outra cidade de Minas Gerais. A proposta não foi aceita, o que ocasionou uma briga: ele começou a passar muito mal e tudo escureceu.
Acordou, sem noção de tempo e espaço, em uma cama de hospital. Lá estavam o irmão David, a Maruca e o doutor que o seqüestrou anteriormente: todos bem humorados. David bem vestido e sem a raiva que o dominava; Maruca bem arrumada, nem parecia a moça que morava isolada na mina; e o doutor, sequer tremia.
Queria saber se retiraram ou não o diamante de seu ventre, mas não tinha coragem de perguntar... estava febril: "As horas passavam... Breve ele adormeceria. E sabia que o sonho o esperava. O sonho em que veria anulares brotando do chão, milhares de anulares... Todos vindo em sua direção... todos ansiosos por mergulhar em suas vísceras, todos ansiosos pelo diamante que a noite do ventre ? soma de todas as noites - engolira".



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