Nanocontagem
(JR Borim)
Insônia Quatro horas da manhã; apenas as corujas relutam em brigar com o sono - eu. Sentado numa poltrona velha, "artigo vindo da Rússia czarista nas mãos de meu avô", ligo a tv - de madrugada aquela enxurrada de programas pelo apocalipse, salvação das almas, é o fim - eu. O telefone toca, uma mulher chora do outro lado da linha; diz que vai se matar - quem é? - eu. Minha vizinha, já cortara os pulsos e agora pede socorro - eu. Largo tudo - derrubo a garrafa de café, corro; pulo o portão da casa ao lado e dou de cara com um pit bull - eu. Esta bosta só sabe latir (penso). Ele avança, me morde na mão direita; enfio os dedos da esquerda nos olhos dele; o cão me solta - eu. A situação sofrível agora é minha. Enrolo tudo na camiseta, sujo-a de sangue e pau na obra - eu. Arrombo a porta na pesada; lá dentro um corpo jaz no chão. Não há sinal de vida, apenas uma canção - eu. Qual é? - eu. Minha maldita compreensão musical não deixa saber. Trata-se de um rock lento, amargo - eu. Um roupão, um corpo nu e um cachorro sedento por sangue. Elementos sombrios de uma vida - eu.
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