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São Bernardo
(Graciliano Ramos)

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A obra "São Bernardo" de Graciliano Ramos gira em torno da figura de Paulo Honório, um homem dinâmico, empreendedor, dominador, obstinado, com objetivos definidos e que, para alcançá-los, usa os outros personagens.
Logo no início da obra, devido à quantidade concentrada de informações, o leitor parece ser "empurrado" para dentro de um turbilhão: são nomes, ocupações, aptidões, características de personagens, função que cada um deles cumpriria na realização do projeto, nomes de lugares ou coisas (O Cruzeiro, A Gazeta, São Bernardo), paisagens quebradas (uma estrada, um pasto...). Tudo isso forma um "todo significativo" e o leitor se vê em um mundo que desconhece. Ele, o leitor, só tem uma voz narrativa em primeira pessoa que o guia.
O fator "posse" surge logo nas primeiras linhas do romance, pois o narrador personagem, que não se identifica inicialmente, diz que quer escrever um livro de memórias e pôr o seu nome na capa. Embora, inicialmente, imaginasse "construí-lo pela divisão do trabalho".
"Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquirnedes a composição tipográfica; para composição literária convidei Lúcio Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa."
Eufórico, o narrador diz que já vê os "volumes expostos, um milheiro vendido". Essa euforia inicial se transforma em fracasso poucas linhas depois, quando o narrador anuncia de maneira brusca e sem lamúrias que "o otimismo levou água na fervura, compreendi que não nos entendíamos".
O leitor não precisa esperar muito para descobrir o motivo do fracasso:
"João nogueira queria o romance em língua de Camões" e Padre Silvestre que "Depois da revolução de outubro, tornou-se uma fera, exige devassas rigorosas e castigos para os que não usaram lenços vermelhos. Torceu-me a cara."
Agora resta ao narrador apenas a companhia de Azevedo Gondim, redator e editor do periódico "O Cruzeiro", que agora passa a ser caracterizado como "uma espécie de folha de papel destinada a receber as idéias confusas" que fervilham na cabeça do narrador.
O Projeto então é reiniciado, mas logo em seguida, novamente de maneira brusca, o narrador anuncia um novo fracasso: os dois capítulos que Gondim havia escrito estavam "tão cheios de besteiras" que o narrador se zanga e, com uma linguagem brutal, ataca o redator do Cruzeiro.
Gondim tenta se justificar dizendo a seu Paulo (somente agora sabemos o nome do narrador) que "um artista não pode escrever como fala".
Paulo parece conformar-se e admite o novo fracasso.
Nota: O impressionante em Graciliano Ramos é o seu poder de síntese, pois tudo isso que foi escrito até agora representa apenas um capítulo com apenas duas páginas e meia.
Logo no início do segundo capítulo, Paulo, após ouvir o "pio da coruja" decide recomeçar a composição do livro valendo-se "dos seus próprios recursos" e sem indagar se isto lhe traria "vantagem, direta ou indireta."
Paulo revela ao leitor que quer contar a sua história, mas interrompe várias vezes a composição da obra e reconhece que "se tivesse a metade da instrução de Madalena, encoirava isto brincando" e que aquela "papelada" tinha préstimo.
Paulo confessa ainda que o seu objetivo na vida "foi apossar-se das terras de S. Bernardo". Logo em seguida, revela-se incapaz perante a língua/literatura e pede ao leitor a "bondade de traduzir isto em linguagem literária", pois não pretende "bancar o escritor". Ao findar desse capítulo, Paulo, impacientando-se diz: "Dois capítulos perdidos. Talvez não fosse mau aproveitar os do Gondim, depois de expurgados".
Apesar de o narrador afirmar que os dois capítulos iniciais foram "perdidos", isso não é a verdade da obra, pois nesses dois capítulos iniciais temos uma quantidade "concentrada" deinformação que servem de base para o desenrolar da história. Além disso, o perfil empreendedor e dominador de Paulo está formado.
No terceiro capítulo Paulo Honório se descreve, só agora sabemos o seu nome completo, e começa a contar a sua história:
Paulo Honório, por ter sido abandonado pelos pais, é criado por Margarida, uma negra que fazia doces. Aos dezoito anos tem a sua primeira experiência sexual e, em decorrência dela, esfaqueia João Fagundes, pois ele se "engraçou" com Germana, a mulher que possuíra. Devido a esse ato de violência, ficou preso "nove meses e quinze dias". Depois da prisão, só pensava em "ganhar dinheiro". Para isso, contraiu um empréstimo com o Pereira (agiota) e, por acreditar que foi roubado, estudou aritmética.
Paulo Honório trabalhou na enxada em vários lugares, dentre eles, na fazenda de São Bernardo. Por sofrer muito nesse lugar, depois se vingou do Pereira: "hipotecou-me a propriedade e tome-lhe tudo, deixei-o de tanga. Mas isso foi muito mais tarde".
Paulo descreve que  para atingir o seu intento, começou a negociar gado, redes, imagens, rosários etc. Nesse período sofreu privações (sede e fome) e fazia negócios com a "arma em punho". Depois de acumular um certo capital, volta ao município de Viçosa, Alagoas, e traça os seus planos para adquirir a fazenda São Bernardo, onde trabalhara no passado para Salustiano Padilha, um homem que tinha "levado uma vida de economias indecentes para fazer o filho doutor" e acabou morrendo sem ver o filho formado.
Paulo Honório, como quem não quer nada, aproxima-se de Luís Padilha - filho do falecido patrão de Paulo, que é beberrão, mulherengo e incompetente. Paulo empresta-lhe dinheiro e lhe dá maus conselhos sobre o cultivo de São Bernardo, auxilia-o financeiramente em investimentos a serem feitos em São Bernardo e faz com que o Padilha lhe hipoteque a fazenda. Como a dívida não foi paga, Paulo Honório ameaça Padilha e, esse, arruinado, vendê-lhe a propriedade por uma quantia muito pequena.
Já com a posse da fazenda, Paulo Honório, apesar de enfrentar várias dificuldades, começa a reconstruir São Bernardo. A primeira delas e o fato de Mendonça, dono do sítio vizinho, ter "avançado" a cerca que divide as duas propriedades para dentro de São Bernardo. Os dois travam uma espécie de "guerra fria" que termina quando o Mendonça leva um tiro "na costela mindinha" e acaba falecendo. Na hora do crime, Paulo Honório estava na companhia de Padre Silvestre, fato esse que afastou qualquer tipo suspeita de ligação com o crime. "Na hora do crime eu estava na cidade, conversando com o vigário a respeito da igreja que pretendia levantar em S. Bernardo. Para o futuro, se os negócios corressem bem".
Depois da morte do Mendonça, Paulo Honório derruba a cerca e leva-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. A viúva do Mendonça reclama, e Paulo Honório diz a ela para levar o caso a justiça, como isso era caro e daria muito trabalho, a cerca ficou como estava. Paulo Honório invade também as terras do Fidelis, que era paralítico de um braço e também a dos Gama, que mudaram-se para o recife.
Com muita determinação, Paulo Honório começa a investir em São Bernardo: fez empréstimos nos bancos, importou equipamentos agrícolas, iniciou a pomicultura e avicultura, e construiu uma estrada de rodagem para facilitar o transporte dos seus produtos para a cidade.
Certo dia, Paulo Honório recebeu a visita do Governador, que elogiou muito o trabalho desenvolvido em São Bernardo. Ao ser questionado sobre a escola, Paulo Honório disse que não tinha, mas ao perceber que poderia tirar algum proveito, disse ao Governador que em sua próxima visita a escola estaria concluída. Para montar a escola, Paulo Honório convida o Padilha, que aceita o convite após uma certa relutância. Nessa época, a velha Margarida, com quem Paulo Honório viveu na infância foi encontrada e veio viver com ele na fazenda.
Paulo Honório res



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