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O Alienista
(Machado de Assis)

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Doutor Bacamarte elegeu para suas atenções científicas o recanto psíquico e resolveu solicitar à Câmara de Itaguaí permissão para instalar na cidade uma casa de orates. A Casa Verde, assim chamada pela cor de suas janelas, foi inaugurada com muita pompa.
Os primeiros alienados começaram a povoar o hospício... No início, poucos; depois, em número maior. Dona Evarista sentiu-se preterida, e o sábio marido enxergou-lhe a dor... Compensou-lhe com uma viagem ao Rio de Janeiro...
Crispim Soares, o boticário, era amigo e confidente do alienista. Certa feita, o doutor o mandou chamar. Crispim, cuja mulher viajara com D. Evarista, ficou preocupadíssimo e correu à Casa Verde. Na verdade, não havia notícias dos viajantes. Simão lhe confidenciara algo mais importante: ?Trata-se de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.? 
A partir daí, instala-se o terror na cidade. A população assistiu, pasmada, ao recolhimento de Costa. Justamente ele, uma pessoa tão querida... Uma prima do Costa foi interceder por ele. E a pobre senhora, feita a defesa, acabou sendo recolhida à Casa Verdade.
 Muitos outros seriam recolhidos...  Literalmente, implantou-se o terror.
Esperava-se ansiosamente por D. Evarista, na esperança de que ela minimizasse a fúria da ciência.Ledo engano!
Bacamarte era considerado um déspota. A rebelião era iminente. Lideradas pelo barbeiro Porfírio, cerca de trinta pessoas levaram uma representação à câmara, que negou qualquer interferência em assunto de natureza científica.  Os revoltosos partem para Casa Verde, com a intenção de destruí-la.
Chega o regimento dos dragões para preservar a legalidade. Porfírio, então, discursa: ?- Não nos dispersaremos. se quereis Os nossos cadáveres, podeis tomá-los; mas só os cadáveres; não levareis a nossa honra, o nosso crédito, os nossos direitos e, com eles, a salvação de Itaguaí?.
O conflito era inevitável, os Canjicas fatalmente sairiam derrotados. Parte dos dragões, entretanto, aderiu aos revoltosos e, por fim, quase todos eles. A revolução triunfou. A câmara foi deposta e o barbeiro Porfírio foi nomeado ?protetor da vila em nome de sua majestade e do povo?.
Crispim Soares, logo que soube da rebelião contra o alienista, fingiu-se de doente. Agora, sabendo que Porfírio fora à Casa Verde, imaginou que o alienista estivesse na iminência de ser preso, e o que seria dele como fiel aliado? Diante dessa situação, correu ao palácio do novo governo e manifestou sua adesão aos funcionários que o receberam.
Contrariando as expectativas, Porfírio procurou uma conciliação com a ciência. Conversou com o alienista e solicitou um ?alvitre intermediário? capaz de sossegar a população. Cinco dias depois, vários aclamadores do novo governo foram trancados na Casa Verde. Outro barbeiro, João de Pina, denunciava que Porfírio havia se ?vendido ao ouro de Simão Bacamarte?. João de Pina assume o poder, mas o governo do vice-reino mandou reforços que restabeleceram a antiga ordem em Itaguaí.
A Casa Verde, novamente sob a proteção do poder instituído, continuou abrigando os loucos de Itaguaí. Desta festa, o barbeiro Porfírio, Crispim Soares, o vereador Sebastião de Freitas e tantos outros foram recolhidos ao hospício. Foi uma coleta desenfreada.  ?Tudo era loucura?. Até mesmo D. Evarista, em quem o alienista enxergara uma certa ?mania suntuária?, fora recolhida ao hospício.
Certo dia, a população ficou assombrada. O alienista oficiara à câmara que os ?loucos? iam ser libertados. Ele concluíra que quatro quintos da população estavam alojados na Casa Verde. O fato estatístico contribuíra para se chegar à conclusão de que a teoria merecia ser revista. Concluía o alienista que o normal e exemplar era o desequilíbrio e que se deveriam considerar como patológicos oscasos em que houvesse equilíbrio ininterrupto das faculdades mentais. Houve muitas festas para comemorar o retorno dos antigos reclusos. A enfermidade, contudo, continuava existindo, e o médico estaria à busca dos novos loucos, segundo sua mais recente teoria...
Restituiu-se a ordem. Os barbeiros, absolvidos, voltaram a seu trabalho. Os vereadores permitiram as novas pesquisas, mas votaram pela exclusão de suas próprias mentes, apesar dos protestos do vereador Galvão. Simão Bacamarte considerou esse vereador um cérebro organizado, e pediu licença à câmara para recolhê-lo, pedido que recebeu unânime aprovação.
Depois foi a vez do padre Lopes, da mulher do boticário... Passaram-se cinco meses e a Casa Verde alojava umas dezoito pessoas. Eram poucos os loucos, o que confirmava a nova teoria... O médico não afrouxava.
Algumas das principais pessoas da vila, contrariadas com a Casa Verde, chegam, secretamente, a pedir o apoio do barbeiro Porfírio, que se negou, confessando-se ambicioso ao tentar subverter a ordem dominante. Simão Bacamarte soube disso e mandou recolher o ex-revolucionário.
Os loucos eram agrupados em classes, segundo a perfeição moral predominante. Em uma pessoa que padecesse de modéstia, por exemplo, ele aplicava uma medicação que lhe incutisse o sentimento oposto. E tudo era muito dosado, segundo o estado, a idade, a posição social do doente etc. Simão Bacamarte, aflito, reuniu os amigos, que apontaram nele as virtudes de um cérebro perfeito. O padre Lopes enfatizou que ele reunia inúmeras qualidades, realçadas pela modéstia. Foi a gota d?água. Simão Bacamarte recolheu-se à Casa Verde. Reunia em si a teoria e a prática. Em vão, a mulher, em lágrimas, o chamou. Dali a dezessete meses, o alienista morreu e foi enterrado com pompa e solenidade.



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