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Entrevista Diabólica
(VITOR CENTURY)

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ESCREVER, O QUE É? **( numa entrevista diabólica a si próprio)**Escrever é preservar os símbolos da minha e da nossa identidade abstracta intemporal.*Essa identidade é o meu património intelectual, respondendo a um ?medo? de hipotética falha de memória, que nunca aconteceu.*Porque escreve?* --escrevo para mim mesmo; tenho fruição no prazer de descobrir verdades abstractas.Quando não escrevo sinto-me incomodado por esse facto.*Há quanto tempo escreve?*--Desde há mais de 40 anos.*Para que escreve?*--aquilo que escrevo é para eu próprio saber, não escrevo a pensar em mais ninguém.Escreve para ganhar dinheiro?*--Nunca escrevi para ganhar dinheiro, mas se o mesmo chegar à minha mão, tenho muito onde o aplicar. Se estivesse à espera de ganhar dinheiro com o que escrevo, já tinha morrido de subnutrição.* Que acha dos escritores?*--os escritores encontram-se numa posição muito ingrata e oportunista face ao sistema: escrever com provocação ou usando o politicamente correcto; este é o seu dilema; ou seja provocar moralmente as elites ou fugir a tudo o que possa incomodá-las, incluindo a recusa de promoção e prémios ?Nobel?.*-- Acho que muitos procuram dirigir-se a uma elite cultural. Eu não sou escritor amador que escreva para elites. Não era capaz de escrever no estilo do ?politicamente correcto?; nem apostar deliberadamente na provocação fosse de quem fosse. Procuro até não provocar ninguém com aquilo que escrevo, mas nunca fugindo dos vários sentidos das verdades que têem de se ditas, por um imperativo moral de generosidade intelectual.Que acha dos leitores?*-- ler é totalmente diferente de escrever: Ler é trocar pontos de vista com aquele que escreveu; é confrontar virtualmente as ideias com o mesmo, no silêncio distanciado daquele que lê, e que não é visto pelo que escreve.*--Os leitores, se gostam do que lêem, acreditam no escritor; se não gostam são indiferentes e partem à procura de outro autor. Procuram algo em que acreditem, que tenha alguma mística mas dita por alguém que tenha atitudes e hábitos de vida comuns; que se alimente, se atavie e que passe os seus dias da mesma forma do que quem lê, nem que seja o escritor da inveja ou do ?mau olhado?. Interessa é ter pontos de identificação, linguagem e origem com o escritor. A condenação do elitismo é tácita.Porque acha que os leitores lêem?*--Os leitores lêem procurando uma identificação com o autor, naquilo que sempre pensaram, mas nunca se preocuparam em inventar palavras; as ideias de identificação estarão na inteligência do escritor; ou seja: é tão bom ler um livro, que poderia ser qualquer leitor que o lê a escrevê-lo, mas sem ter que o escrever pelo esforço mental que isso exige*A literatura terá alguma utilidade prática?*-- Há leitores que só procuram nos livros aquilo que os possa ajudar nalgum assunto concreto e específico, desprezando-os de seguida como objectos compulsivos que só fazem perder tempo. De certa maneira esses são os leitores certos, porque a cultura é uma coisa que lhes faz tédio; ou seja, na sua opinião não combate o ?stress? (da existência, sendo uma brutal e desnecessária ?seca? afectiva, muito longe de fazer distrair, ainda levantam mais confusões estéreis ou inúteis.*Que acha dos audio livros?--Os audio escritores não existem, porque ninguém escreve para se fazer ouvir. A palavra escrita diverge abissalmente da palavra falada. A palavra falada é mais directa e manipuladora do auditor que a escuta; é mais condicionadora e fechada ao ritmo do auditor que a ouve; é mais frontal e acutilante do que a palavra escrita. A palavra escrita é mais indirecta, mais ambígua e confusa; mais exigente de compreensão pelo leitor; mais dependente do conhecimento de significados abstractos do leitor, mesmo quando usada em estilo simples e acessível; é mais livre e aberta ao ritmo de leitura, do leitor.Um bom falador é um péssimo escritor; um bom escritor é um vulgar falador; há no entanto excepções.Quem é?--não é importante saber quem sou nem onde estudei. É importante o que escrevo. Esperei quase quarenta anos para ter uma percepção consistente das ideias sobre as quais escrevo.O que o motiva mais quando escreve? --A única preocupação constante é o combate ao esoterismo e à superstiçãoO que mais detesta ler?Os autores charlatães e pedantes --- POLITICAMENTE COMO SE DEFINE?--- O 25 Abril 1974, português,não me trouxe sorte alguma; fui perseguido. Tive de emigrar para a Europa central (Suécia/Bélgica)e Africa (Angola) e Irak (1980)para sobreviver pessoal e familiarmente. A natureza fez dos indiferentes, iguais; e fez dos iguais indiferentes:; o bom selvagem nao existe na raça humana, tal como as nossas impressões digitais; assim me defino: sem ser seguidor de partidos políticos alguma vez, ou movimentos ocasionais duradoiros de opinião política; nunca financiados na minha esteira ou suporte de acção intelectual, por quem quer que fosse.



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