Salomé
(Oscar Wilde)
A personagem de Salomé está impregnada do universo que povoa o inconsciente do polémico autor britânico. As suas pulsões, fobias, desejos ocultos, tabus sexuais e contradições que emanam do conflito entre o id, o ego e o superego do autor são projectados na personagem. O Amor no limiar da Loucura onde se fundem as mais primitivas pulsões recalcadas no inconsciente humano. Podemos inferir que a construção do perfil psicológico da personagem reflecte a controversa sexualidade do autor? Uma homossexualidade camuflada e uma misoginia mais do que evidente. Reve-se Wilde numa mulher de beleza fatal, mas diáfana, a qual ele identifica com a Lua - um símbolo que personifica a ambiguidade e simultaneamente a fronteira entre a realidade e a loucura? Isso é ilustrado pelos presságios em vários momentos deste drama intensíssimo, quando as personagens são advertidas do perigo de sucumbir à perda da razão pela excessiva contemplação da Lua\Salomé. Porque a Lua, tal como a Princesa Real, possui uma face oculta (ao fim e ao cabo como o próprio Wilde em relação à sua própria sexualidade camuflada sob a capa de um casamento com e dois filhos) que, em Salomé, será a ausência total de limites quanto à satisfação do seu desejo e que se opõe à sua aparência angélica e è sua capacidade de enlouquecer quem por ela se deixa enfeitiçar. Uma história de amor, loucura e morte que Wilde legou para a posteridade e que obriga o leitor a reflectir acerca dos limites da paixão e da tolerância. www.hasempreumlivro.blogspot.com
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