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Trabalho e Superfluidade
(Ricardo Antunes)

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Em Trabalho e Superfluidade o sociólogo Ricardo Antunes demonstra ao leitor como a atual sociedade, caracterizada pela orientação voraz ao consumo supérfluo e destrutivo, age de forma a criar, concomitantemente, múltiplas necessidades de consumo e um firme impedimento à participação no universo do consumo daqueles que, de fato, são os produtores da riqueza social. De acordo com Antunes, o visível processo de “enxutamento” das empresas, que descarta e torna supérflua uma parcela enorme da força de trabalho existente, gerando desemprego e informalidade, decorre da cada vez maior elevação do trabalho ao limite, elevação esta que se faz fundamentada na intensificação dos mecanismos de extração, em tempo cada vez menor, do sobre-trabalho por meio da ampliação do trabalho morto incorporado no maquinário tecnocientífico que, como é por nós bem sabido, não só se mostra cada vez mais presente como também se renova com cada vez mais constância nas grandes indústrias capitalistas.
No que diz respeito à questão da “qualidade total”, tão propagada nos dias atuais, o autor a entende como algo que se constitui objetivamente, para além do seu objetivo ideológico, como meramente - na maioria das vezes e de forma proposital – um avanço no que há de mais supérfluo em uma dada e específica mercadoria, posto que para atender os interesses mercadológicos dos detentores de grande capital, os produtos devem ter um tempo de durabilidade cada vez menor visando agilizar sua reposição no mercado, aumentando, assim, o ciclo reprodutivo do capital. Antunes nos põe a par, por meio de tal constatação, do fato de como a chamada “qualidade total” converge com a lógica da produção supérflua e destrutiva vigente, nos expondo também como o sistema capitalista, ao mesmo tempo em que reitera sua capacidade de elevação da “qualidade total”, converte-se de fato em um ferrenho opositor da durabilidade e longevidade dos produtos.
Ainda de acordo com Antunes, a expansão do trabalho em serviços, em esferas não diretamente produtivas, mas que muitas vezes desempenham atividades imbricadas com o trabalho produtivo, mostram a noção ampliada de trabalho que se tem no mundo contemporâneo, noção esta que, entretanto, se põe absolutamente subordinada à lógica da produção de capital. O autor aponta que a mescla entre o saber científico e o sabor laborativo e a transferência de capacidades intelectuais para a maquinaria informatizada, apesar de transformar o trabalho vivo em trabalho morto é incapaz de elimina-lo, pois a introdução de máquinas inteligentes requer, obrigatoriamente, a utilização do trabalho intelectual do operário que, interagindo com a máquina, estabelece um processo criativo entre trabalho e ciência produtiva, que não leva à extinção do trabalho, mas a um processo de retroalimentação que gera a necessidade de encontrar uma força de trabalho ainda mais complexa, multifuncional, que deve ser explorada de maneira mais intensa e sofisticada e que devido mesmo a um maior envolvimento interativo – da subjetividade que trabalha com a nova máquina inteligente - é colocada diante de uma ampliação do estranhamento e da alienação do trabalho, promovidos pelas modernas formas de reificação, atualmente, fundamentadas e estabelecidas pela orientação economicamente tecnocrática em vigor.

PARA SABER MAIS:

LOMBARDI, J.C; SAVIANI, D.; SANFELICE, J.L. (orgs.). Capitalismo, Trabalho e Educação. Campinas/SP: Autores Associados: HISTEDBR, 2002.



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