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O aparelho psíquico familiar
(Sandra Montenegro)

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O Aparelho Psíquico Familiar e a Constituição do Sujeito

Sandra Montenegro.


“Há famílias em que se sofre mais do que nos campos de concentração”.
CYRULNIK.

Nas Intervenções na Clínica com Família podemos conhecer diversas teorias que abordam o complexo sistema de rede familiar. Foi relevante compreender algo que une as diversas abordagens: todas parecem concordar que existe um psiquismo familiar formado a partir de elementos intrapsíquicos de cada membro individual dentro do conjunto familiar, e que é responsável pela criação dos lugares que cada um ocupa na história da família e pelos vínculos que são criados. As teorias estudadas não negam a força da cultura, do meio ambiente e das questões que envolvem gênero, poder, etnias, etc.
Cada abordagem delineou o seu terreno de explicações, de fundamentações e de intervenções a partir do que lhes parecia mais relevante, mas, em sua maioria, perceberam o complexo familiar não como algo isolado em si mesmo, mas, fazendo parte de um contexto material, orgânico, afetivo, emocional, político simultaneamente.
As abordagens sobre família mais conhecidas são: as teorias dos sistemas gerais, a abordagem estrutural, a estratégica, a teoria da Escola de Milão, entre outras. Mas o que pretendemos abordar aqui, não são as características de cada uma, mas como os sujeitos são resultados não apenas da cultura, mas também do aparelho psíquico familiar.
Todo família possui um Ciclo Vital, ou seja, ela passa por fases que resumidamente são: 1 – antes do nascimento da criança. 2 – durante a educação dos filhos. 3 – Partida dos filhos. 4 – maturidade/velhice. Cada fase traz suas características e mudanças peculiares (Brito, 2006)

Todos os sujeitos pertencem a uma trama familiar, a uma história que pode permanecer em uma teia de sofrimento ou sair para dar lugar a ressignificação de toda uma história de dor – para voltarmos a epígrafe acima. Se para Cyrulnik a vida em determinadas famílias pode ser pior do que em campos de concentração, frase que consideramos de grande impacto, mas que não deixamos de reconhecer seu potencial de verdade.
Pesquisadores norte-americanos (Asher & White, 2000) estimam que os índices de divórcio, de agressão no lar (entre pais e entre pais e filhos) vêm aumentando progressivamente. São cinco divórcios para cada dez casamentos até o 7º ano de casados, e depois do 7º ano as taxas de separação têm oscilado entre 4 e 6 divórcios para cada casamento. Os índices de chamadas para a polícia intervir nos conflitos de agressão familiar, alcoolismo, crack, violência sexual, também demonstram, para os autores citados, que a família norte-americana passa por uma grande crise de valores éticos e morais.
Outras pesquisas sobre o autoconceito das crianças que vivem em lares conflituosos apresentam problemas de relações interpessoais, baixo rendimento escolar, atividade sexual precoce, ansiedade, reações psicóticas, tristeza, problemas de identidade e de independência (Maldonado, 1987; Sorosky, 1998). Estas pesquisas confirmam a importância das relações familiares para a construção da saúde psíquica dos seus membros. Não queremos dizer que a família seja a única responsável pela saúde dos seus membros, mas ela ainda é uma das instituições mais importantes na vida de todos nós.
Neste momento que buscamos respostas para compreendermos a violência simbólica ou psicológica que a figura a família tem exercido em milhares de crianças, desfigurando suas infâncias e se ausentando da vida de seus filhos. Por que, apesar de sabermos muito mais sobre o funcionamento familiar, as famílias parecem adoecer cada vez mais? Por que ainda reclamamos dos nossos pais?
Os questionamentos não são de desesperança, mas, o que é possível fazer? Então voltamos para o início do problema que Freudexpressou no conjunto dos seus trabalhos: é preciso conhecer como se forma o EU. Embora estas notas ainda não possam expressar com segurança a relação do Eu com os vínculos familiares, intuímos que as formas de ligação afetiva existente entre os membros da família mãe, pai (ou outra figura que assuma este lugar) e filho são relevantes para compreendermos a relação família e constituição psíquica do sujeito.
Freud afirma que a identificação ocorre a partir do enlace afetivo que o sujeito se constitui tomando outro como modelo. Elas se estabelecem a partir de uma relação objetal propriamente dita. Neste eixo encontra-se a relação mãe-filho.

São fortes os segredos familiares, estes se constituem em armadilhas difíceis de serem desarmadas porque os sujeitos estão envolvidos e enxergam pouco a dimensão do problema, por isto, a necessidade do terapeuta. Os segredos como: suicídio, homossexualidade, incesto, estupro, violência física e verbal são difíceis de serem afirmadas, inscritas no discurso público do sujeito.
Um outro fator relevante que demonstra a desarmonia do aparelho psíquico familiar é a violência no casal. A violência é um dos segredos mais fortes dentro da família, uma vez que a violência vem carregada de mecanismos de controle, de atos de intimidação, de humilhações, de ciúme patológico ou de indiferença. Seja qual for o tipo de violência, ele desestrutura o casal e os filhos, assim como, envolve em sofrimento as pessoas mais próximas da família, parentes, amigos, pais.
Todas as famílias passam por crises, situações de estresse, mas quando existe uma identidade familiar marcada pelos rituais de forma saudável, é possível a superação do conflito. Ressaltamos que os rituais para serem saudáveis não podem ser mecânicos ou obrigatórios, mas sim quando estão carregados de emoção e de significado afetivo para os membros da família.



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