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O Artista e o Espectador
(Ana Helena Goes)

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Por meio da imaginação o homem ordena o mundo em uma estrutura significativa, já que a linguagem e a imaginação se desenvolvem conjuntamente. Pela imaginação, o ser humano situa a sua ação num mundo que estende os seus limites para além da imediaticidade do presente e da materialidade das coisas. O homem cria um universo significativo, em seu encontro com o mundo e através da imaginação, posto que ela é o dado fundamental do universo humano e o motor de todo ato de criação. Assim, em qualquer ato criativo não há apenas uma mobilização da razão, da esfera lógica (que se dá através dos símbolos). Nossa razão, nossos símbolos lingüísticos estão ligados a nossas vivências e a nossos sentimentos, ou seja, ao pensar, mobilizamos tanto os símbolos como os sentimentos a eles subjacentes. Desta forma, mesmo os atos de criação filosófica e científica estão envolvidos em sentimentos humanos – os valores e as emoções.
O ato de criar se dá muito mais no nível do sentir do que do simbolizar, ou seja, o ato de criação é muito mais um produto de sentimentos de intuições do que de operações puramente lógicas, além disso, a atitude criadora se constitui num ato de rebeldia na medida em que o criador deve negar o estabelecido, para propor o novo, assim o ato criativo é sempre subversivo, pois visa a alteração, à modificação do existente.
A obra de arte é a tentativa de se concretizar, em formas harmônicas, os elementos do sentir humano. Porém, a obra de arte não pode ser definida simplesmente como o retrato do mundo interior do artista, pois o artista projeta em sua obra tudo aquilo que percebe como próprio dos homens de sua época e lugar, tudo aquilo que constitui o “sentir” dos homens (ou do grupo de homens), que ele capta e exprime em formas. É claro que essa captação se dá a partir de seus próprios sentimentos e de sua “visão de mundo”, portanto, sua percepção dos sentimentos humanos está sempre, em última análise, baseada em seus próprios sentimentos. Afirmar, todavia, que em sua obra o artista exprime apenas os seus próprios sentimentos é empobrecer o sentido de sua praxis (de seu trabalho), pois o artista apreende certos estados do “sentir” que perpassam a vida das comunidades humanas. O artista apreende os sentimentos para que depois os devolva em formas artísticas para que os demais seres humanos se reconheçam em seus símbolos.
Em relação ao espectador é preciso considerar que o relacionamento que faz brotar a experiência estética é distinto do relacionamento prático que nossa consciência mantém com as coisas do mundo. Na experiência estética a consciência procura apreender o objeto libertando-se dos laços condicionantes da linguagem conceitual, de modo que quando ocorre a experiência estética ocorre uma “suspensão” da vida cotidiana, uma quebra nas regras da “realidade”. O cotidiano deixa de ser o mais importante no momento de uma experiência estética, na percepção estética não há interesses práticos a orientá-la, a verdade do objeto está em suas formas.
Cabe ao espectador que queira vivenciar uma efetiva experiência estática a conscientização de que a obra de arte, não é para ser pensada, traduzida em palavras, e sim sentida, vivenciada, pois sua função não é a de comunicar significados, mas sim, de exprimir sentidos. O espectador diante de uma obra de arte deve deixar seus sentimentos vibrarem em consonância com as harmonias e ritmos nela expostos, a obra de arte depende da interpretação, do sentido que o espectador lhe dá, desse modo o trabalho artístico é uma forma de expressão de efeitos muito individuais, promovendo a cada espectador uma situação peculiar, com meandros e minúcias dos sentimentos que lhe são próprios. As formas pelas quais a arte se apresenta tentam demonstrar o que é impossível de ser significado por meio de palavras, o que é impossível de ser conceitualizado.



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