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O conservadorismo real
(joao)

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A posse de Angela Merkel marcou a volta da centro-direita alemã ao poder. O CDU, partido de Konrad Adenauer e Helmut Kohl, assumiu o comando da maior economia européia, tendo como desafio soltar as amarras que a prendem a índices de crescimento pífios. Passado um semestre de administração Merkel, o que se vê é um sucesso de popularidade: a chanceler atinge índices de 70%, com picos de até 80%. Os alemães estão contentes com sua líder, uma mulher tida como inteligente, simpática e sorridente.Nos EUA, quem apostava na derrota fragorosa da direita republicana em 2004 perdeu feio. George W. Bush não apenas venceu no colégio eleitoral, como venceu no voto popular. Mesmo amargando índices de popularidade abaixo do desejável devido à ocupação iraquiana e questões internas, a administração Bush mantém-se firme no poder e espera vencer as eleições congressuais deste ano.O Canadá, governado há treze anos pela esquerda (Jean Chrétien e Paul Martin), enfim viu seu líder conservador Stephen Harper assumir o poder em fevereiro. Prometendo cortes de impostos e o revigoramento do falido exército canadense, Harper venceu facilmente as eleições, obtendo 40% das cadeiras da Câmara dos Comuns. Em meio à quase hegemônica presença esquerdista na América Latina, os dados acima, em princípio, animam os conservadores brasileiros, se é que eles ainda existem. No entanto, as vitórias conservadoras acima citadas deveriam ser motivo de preocupação e reflexão, jamais de comemoração. E por quê?Porque as atuais administrações conservadoras, ou de centro-direita, possuem duas características marcantes: (1) assumem o poder somente porque os socialistas, com baixa popularidade, falham na aplicação de sua agenda esquerdista e (2) uma vez no poder, procuram aplicar essa agenda esquerdista com ainda mais esmero e determinação. Disso tiramos a seguinte conclusão: o conservadorismo mundial transformou-se em mero esquerdismo light alternativo.No Brasil, isso não nos parece uma novidade. Bem sabemos que nossa pseudo-direita é tímida, para dizer o mínimo. Mas quando lançamos um olhar atento às demais direitas mundo afora, verificamos um padrão de conduta política que não nos agrada.Angela Merkel está prestes a anunciar o segundo aumento de impostos da sua gestão. O primeiro, que passou o VAT (algo equivalente ao nosso ICMS) de 16% para 19%, entra em vigor em janeiro. O segundo pode ser um aumento de imposto de renda para bancar o novo "pacote social". A idéia é garantir às mamães alemãs dois anos com 80% do salário para que cuidem de seus recém-nascidos, com garantia de emprego na volta, além de aumentar o seguro-desemprego dos alemães orientais.Bush de fato cortou alíquotas tributárias, mas seguindo a cartilha neoconservadora da curva de Laffer, a arrecadação do Estado aumentou, bem como os gastos com programas "sociais". Os gastos federais, nos primeiros 5 anos deste governo republicano, aumentaram 45%. A título de comparação, durante os 8 anos de governo Clinton, o aumento foi de 32%, e nos 4 anos de George H. W. Bush, 23%. Parte dos gastos, claro, vem da área militar: Afeganistão, Iraque, medidas anti-terror etc. Mas o aumento do warfare state, mesmo que justificado, não implica em aumento de welfare state. E é o que o compassionate conservatism de Bush tem feito: dobrar os gastos com o Medicare, expandir os subsídios para habitação, igrejas e famílias, criar o No Child Left Behind, desejar "salvar o Social Security", sem contar o apoio a projetos globalistas.No Canadá, Stephen Harper não se sai muito melhor: embora tenha dito, antes de assumir o poder, que o Canadá não passava de um "welfare state da Europa do Norte, no pior sentido do termo, e que ainda se orgulha disso", Harper tem enfrentado grande dificuldade em cortar os gastos "sociais". Se por um lado Harper diminuiu o GST (o ICMS canadense), mesmo que timidamente, por outro lado sua ministra do Meio-Ambiente acaba de anunciar o financiamento de mais de cem projetos ecologistas.Esses e outros dados devem servir para que os conservadores brasileiros reflitam se livre mercado e Estado mínimo ainda são idéias politicamente realistas ou se são apenas fetiches ideológicos de um passado que não volta mais. A interferência do Estado na economia e na sociedade parece indelével da psique moderna. O político que desejar diminuir a presença do Estado na sociedade precisa, primeiro, provar que é possível vencer eleições e sustentar-se no poder com tal plataforma. De nada adianta louvar as benesses do free market e da liberdade social caso tais doutrinas sejam aplicáveis somente na imaginação e não na realidade.Apesar de suas impecáveis credenciais conservadoras, Otto Von Bismarck foi chamado de "socialista" por introduzir programas assistencialistas na Alemanha, o mesmo que Roosevelt faria décadas depois nos EUA. Questionado sobre isso no Reichstag, em 1881, Bismarck respondeu: "Chame de socialismo ou do que quiser. Dá no mesmo para mim". Será que o liberalismo econômico e social, mesmo que inegavelmente superior ao intervencionismo estatal, deve continuar a fazer parte de uma agenda conservadora realista e vitoriosa?



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