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Prefácio de Cony
(Carlos Heitor Cony)

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Prefácio: Carlos Heitor Cony* A primeira constatação, após a leitura deste romance, é positiva: ganha a literatura brasileira um novo criador. Não se trata de um simples escritor, que escritores há muitos, inclusive alguns que se dedicam ao romance ou ao conto. Mas LUGAR PÚBLICO revela sobretudo um criador, um artista que, através de moderno e bem informado artesanato literário, consegue construir o seu universo peculiar e universal: para ser mais exato, seu universo particularmente universal. É – ao que me informaram – um estreante. Aqui e ali, neste romance, podemos encontrar alguma indecisão técnica, alguma imprecisão de linguagem. Mas indecisões ou imprecisões desapareceram no alentado texto deste romance de estréia. O que fica: o poderoso fabular, o caótico mundo de um mundo caótico, a obstinação do escritor em criar, um criar sempre, a todo custo. Um saldo – como vemos – mais do que positivo. Seria lícito apreciarmos, como abordagem interpretativa, as influências – evidentes ou suspeitadas – deste novo criador. Desprezando os lugares-comuns da narrativa, abolindo o relato linear, misturando planos objetivos e subjetivos, sente-se, logo às primeiras páginas, a presença de um escritor incomum. Sua frase, monótonamente curta, pode ser argüida de “fácil”. Houve, com efeito, uma época em que escritores comodistas abusavam do ponto-palavra-ponto. Da frase-período. A facilidade do recurso revelava tão somente a pobreza da linguagem. Não é este o caso do autor de LUGAR PÚBLICO. (A Robble-Grillet: POUR UM NOUVEAU ROMAN, Les Editions de Minuit, p.127).** A exatidão com que o autor levanta a sua própria arquitetura repele a hipótese de um mero acaso: o romancista de LUGAR PÚBLICO deve, realmente, estar a par das modernas teorias da técnica literária. Desprezando a parte técnica, isolando aquilo que poderíamos chamar de conteúdo, ainda aqui estamos diante do que se poderia suspeitar uma influência do que de mais moderno existe em matéria de ficção. Temos, no Brasil, um grande romancista de que se poderia suspeitar uma influência no autor: Campos de Carvalho. Mas prefiro ir mais longe, buscando em Henry Miller, no Sartre de SURSIS – principalmente o de SURSIS – os aparentes influenciadores na visão espessa e irritada deste novo romancista. Como autor de romances, divirto-me, às vezes, em ver esforços de alguns críticos buscando situar minhas origens e influências. É possível que o autor de LUGAR PÚBLICO também se divirta com esta tentativa de minha parte, tentativa que não é crítica, mas simples e ingenuamente aproximativa. Ou informativa. Pois deixando de lado Robbe-Grillet, Miller ou Sartre, é preciso reconhecer o óbvio – e aqui escrevo o nome do autor: é preciso reconhecer José Agrippino de Paula. Ignoro se trata de um jovem – embora tudo pareça jovem em seu romance, em sua visão de mundo. << voltar / mais >> E acredito que todos os que escrevemos e lemos neste País tenhamos orgulho em poder saudar um criador que vem para a arena tão bem dotado, apresentando não uma hipotética promessa, mas uma realidade cujos contornos, muito em breve, a crítica e o público deverão precisar e consagrar. Carlos Heitor Cony, 1964 Nota dos Editores * Texto publicado na orelha da primeira edição de Lugar Público, Editora Civilização Brasileira, 1965.



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