BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Roberto Schwarz, Um Crítico na Mira
(Lúcio Jr)

Publicidade
Nos anos 80, quando sobe ao poder uma tecnocracia desnacionalizada, Schwarz bradou: É como se momento mesmo em que a parte melhor e mais aceitável da burguesia brasileira assume o comando no país; um momento a ser saudado!, o filme também melhor dos últimos tempos anos dissesse, pela sua própria constituição estética e sem nenhuma deliberação, que num universo sério essa classe não tem lugar. Mas é claro que nem sempre a vida imita a arte. (SCHWARZ, 1997, p.77) O que ocorre aqui é o corte no fio da meada, e é Schwarz, sociólogo e crítico literário, quem o realiza. Schwarz não consegue realizar uma diferenciação entre a revolução nos países imperialistas, nos países que oprimem outros povos, e a revolução nos países coloniais e dependentes. Nos países imperialistas, a burguesia é opressora de outros povos, e neles, a burguesia é contra-revolucionária em todas as etapas da revolução. Já nos países coloniais e dependentes, a burguesia pode apoiar o movimento revolucionário de seu país contra o imperialismo, pois há o fator nacional. Schwarz se esquece da correlação das forças de classe durante o governo Jango e tenta explicar tudo exclusivamente pelo fracasso da tática do PCB. Possuidor de uma formação germânica rigorosa, o ex-orientando de Antonio Candido dá as costas para o pré-64, não vale a pena voltar atrás, nem em economia nem em cultura, assinala ele ao falar da relação artista/povo no filme de Eduardo Coutinho. O crítico paulista aproxima-se da postura de prescrever para o artista brasileiro o conformismo de criar uma arte imitada, subdesenvolvida, já que a estrutura determina a superestrutura. Roberto Schwarz possui resquícios de um determinismo que, desde o início dos anos 60, Glauber Rocha contestava em sua Estética da Fome. Glauber fica reduzido a um triunfalismo do atraso, junto com Oswald, no fundo por discordar que um país subdesenvolvido é obrigado a ter uma arte subdesenvolvida, conclusão deprimente que parece vir na esteira de uma leitura determinista dos textos sobre a dependência. E pior, Schwarz qualifica o cineasta indiretamente de profeta que não acerta, profeta incompetente. Quem erra, na apreciação, é Schwarz, pois só nos anos 90 se realizaram as profecias e posições de Glauber, como explica a professora Ivana Bentes em sua introdução ao livro Cartas ao Mundo: Até hoje não se desfez o impacto de sua (de Glauber) declaração bombástica, muito repetida e pouco entendida, em carta de 31 de janeiro de 74 para Zuenir Ventura, publicada como depoimento na revista Visão. Na carta, Glauber dizia que Golbery do Couto e Silva, um dos mentores do golpe de 64, era ‘gênio da raça; e os militares; legítimos representantes do povo.’ A idéia, ‘fora de hora’, ou equivocada; para muitos aparece claramente formulada numa série de cartas anteriores a 1974 e está perfeitamente integrada à lógica glauberiana e ao seu messianismo romântico. Duas cartas são importantes para se entender o Glauber militarista; que no seu imenso desejo de transformação via numa elite militar esclarecida;, que acenava com a abertura, a possibilidade de uma virada política radical, não simplesmente a abertura lenta e gradual, como de fato aconteceu, por que não? Um militarismo revolucionário que realizaria as mudanças que a esquerda não soube ou não pode fazer. A idéia não vinha do nada e seduziu um Glauber disposto a encontrar na cultura militar brasileira um líder revolucionário popular, um Antonio das Mortes capaz de mudar de lado, passar de matador e torturador a defensor do povo. (BENTES, São Paulo: 1997, Teoria e Biografia na Obra de Glauber)



Resumos Relacionados


- Glauber Rocha E O Cinema

- O Pai De Família E Outros Estudos

- Roberto Schwarz - Vida E Obra

- Saudação A Sérgio Ferro

- Fina Prosa Crítica (fim)



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia