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Iracema Voou//1998 (música)
(Buarque; Chico)

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A música Iracema voou de Chico Buarque é uma alusão em torno da renitente fuga de brasileiros da terra natal, que mesmo sofrendo longe dela, Lava chão numa casa de chá, acredita que a vida no exterior, ainda seja melhor do em sua pátria, fato que se comprova por duas passagens: Não da mole pra polícia/Se puder, vai ficando por lá e Tem saudade do Ceará/ Mas não muita.A música parece também falar da perda de identidade de brasileiros em um mundo globalizado, uma vez que, mesmo estando nessa plena cultura de globalização em que falamos tão entusiasticamente na moderna aldeia global , podemos perceber que muitas dessas pessoas que se aventuram nessa aldeia não dominam o idioma do país a que pretendem conquistar uma vida melhor e que Chico nos mostra dessa forma: Não domina o idioma inglês, e que se comprova quando diz que Iracema tem saído com um mímico, ou seja, nenhum deles compreende a língua materna do outro, assim, são as mímicas que permitem a eles a comunicação. O que se verá a seguir, é uma tentativa de estabelecer um elo entre o que Chico faz com essa canção e o movimento antropofágico. Para isso, tomemos primeiramente a explicação de Oswald de Andrade para Antropologia, que diz que os índios, nossos ancestrais, tinham por hábito comer seus semelhantes para reter suas qualidades. A partir daí, façamos um pequeno passeio pelas artes plásticas que, assim como outros movimentos, sinalizam mudanças de valores. O quadro abaporu de Tarsila do Amaral causou grande impacto na época. A idéia dessa obra segundo Oswald, era mostrar que abaporu era um “comedor de culturas”. Só que naquele momento, década de 1920, ele não comia mais indistintamente, mas sabia escolher o que lhe interessava. Era uma crítica à absorção desenfreada de modelos culturais europeus. Com isso, o grupo antropofágico não estava simplesmente recusando a influência dos ideais europeus aqui no Brasil. Não fechava as portas ao que vinha de fora. Mostrava apenas a impossibilidade de receber essas influências sem criticá-los. Era preciso adequar as idéias ao nosso contexto e as nossas vivências. Absorver influências externas sim, mas de maneira seletiva.Hoje, Chico transmite também essas idéias, pensar um Brasil em mudança, não exatamente como os modernistas propunham, ou seja, ele apropria-se da obra de Alencar e a atualiza, uma vez que, ele usa tipos verossímeis, diferentemente da obra em que se amparou onde os personagens eram idealizados. Mas o que Chico Buarque faz? Poderíamos fazer uma comparação com a imagem do Abaporu, o homem que come, que rumina e absorve, mas só absorve as coisas que interessam, apesar de nesse momento ele não está se apropriando de um "produto importado" para absorver suas qualidades, mas, ao retomar a personagem, ele comete (talvez não seja consciente) um ato antropológico. Ele vai até a obra de Alencar, mas não a transcreve tal como ela está. Ele a recria de acordo com o nosso contexto. É dessa maneira que Chico nessa canção retoma a lenda do Ceará, apresentando Iracema como uma emigrante que vai para a América. Iracema voou para a América. É uma evocação do nome da personagem de José de Alencar e do anagrama com América que se justifica por ser ela uma cearense, no caso, uma imigrante clandestina nos Estados Unidos Tem saudade do Ceará (não sei se em Alencar esse anagrama era consciente como fica claro com Chico). Ajuda, assim, a construir a nacionalidade, buscando, uma maneira de tentar devolver a dignidade desses brasileiros, humanizando-os através da personagem feminino tanto valorizada por ele ao longo de sua carreira.



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