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Viver para contar
(Gabriel Garcia Márquez)

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Garcia Márquez: Poeta, repórter, romancistaSalomão RovedoGabriel Garcia Márquez - Viver para contar – Trad. Eric Nepomuceno – Ed. Record 2003Vivir para contarla, part one. Assim poderia se chamar o livro de memórias de Gabriel Garcia Márquez. Aliás, se você já o conhece das diversas obras de ficção e reportagens que circulam por aí, prepare-se para reler tudo de novo, tudo por causa deste livro autobiográfico. Nele Gabo – como é chamado pelos íntimos – pretende desmemorializar seus primeiros passos como escritor de reportagens e editoriais – e também a vivência, o entrelaçamento social, os entraves políticos ou não, em que se viu enredado durante a juventude, nos primórdios da vida literária. Primeiro como poeta, por supuesto... Pecado inominável: a edição sai sem nenhuma nota de pé de página nem índice remissivo. Sem esse oxigênio, imprescindível alimento para as obras memorialistas, sua maior virtude passa a residir nas raras, mas importantes dicas sobre o ato da criação, tanto de ficção (sobre a qual Gabo confessa jamais ter total domínio), até nos afazeres domésticos, como deve o escritor proceder, deveres e obrigações para com a vida jornalística. A gente entra no livro de chofre – como se fosse uma de suas ficções – quando termina se tem a impressão de estar na plataforma do metrô à espera do vagão com a part two.Gabriel Garcia Márquez, por não conseguir se mostrar igual aos demais autobiografadores, relata esta parte de sua vida de modo tão confuso quanto as ficções. “Viver para contar” não é nem memória nem autobiografia, é uma reportagem sobre o passado. A história começa não se sabe quando, dá voltas ao seu mundo em oitenta ou mais dias, circula sobre rodas como um skatista, um calendário einsteiniano... Nessa volta e meia o leitor vai sendo absorvido, digerido, assumindo vozes de autor e personagem. Sem carecer de demônios interiores basta a Gabo discorrer sobre as entidades vivas – parentes, afins, vizinhos, aderentes – circulam nas casas, nas ruas, nas igrejas, nos rios, nas cidades eternas, para realizar o tempo passado. Aracataca é o campo arado, a seara e a colheita.Durante toda a existência Gabo foi perseguido por uma congênita timidez. Por isso sempre se saía bem no jornalismo, em matérias informativas e editoriais feitas coletivamente, ao abrigo do anonimato. Essa timidez incurável faz com que considere os seus contos imperfeitos e traz dificuldade de narrar a própria vida existida – que afinal é a dele mesmo. O resultado é que algumas passagens se mostram dúbias, indefinidas, no lusco-fusco, como nas estranhas ficções do mago colombiano. Nessas relembranças o espaço tempo não obedece a nenhum ritual senão o da imaginação e resulta que as memórias de Gabo seguem num zigue-zague perpétuo, assim como vai esta croniqueta. Elucidem-na.Capítulo a parte merece a tradução. O espanhol tem sutilezas capazes de atropelar qualquer tradutor mais distraído. Esta edição, definitivamente feita às pressas, na ânsia de dispor a obra nas livrarias no ano do lançamento, minou a tradução com traças e cascalhos, alguns quase invisíveis, outros quase insensíveis. Quem leu a edição brasileira do inesquecível Cem anos de solidão na tradução impecável de Eliane Zagury, há de concordar que Gabo merecia coisa melhor. O paradoxo é que essas memórias são imprescindíveis para conhecê-lo. Comprar, ler... E aguardar a parte II.



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