O evangelho segundo Jesus Cristo
(José Saramago)
Esta é uma novela magnífica. O tema de Saramago é razoavelmente comum, um que têm preocupado os teólogos há séculos: como pode um deus do amor permitir que no mundo exista tamanho mal e sofrimento? O verdadeiro vilão do mundo não é o diabo, que até parece às vezes quase simpático, um cúmplice relutante do esquema divino, mas o deus do velho testamento Jeová, um tirano capaz de sacrificar um sem fim de mártires, a começar no próprio filho, de forma a atingir os seus fins. Saramago tem fé na bondade das pessoas, talvez uma indicação das suas simpatias comunistas; há algumas alturas na narrativa quando estranhos vêm em auxílio do jovem Jesus quando este está à procura da sua ancestralidade e do seu destino; ele é simpático também com José, cuja culpa em não avisar os pais do inocentes assassinados resulta em morte. Com excepção dos mais liberais, os Cristãos sentir-se-ão ofendidos com este livro, e muitos vão classificá-lo como uma visão comunista da religião. Se, contudo, for capaz de aceitar o objectivo didáctico do livro, a sua negação apaixonada de que existe alguma espécie de graça divina ou amor, ficarás encantado pelo estilo de Saramago, muitas vezes sem pontuação, tom irónico e tecer brilhante de elementos reais ou míticos.
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