O CULTO DE LITERATURA
(VITOR CENTURY)
A literatura é um
culto pragmático
O culto da literatura, tem implícito uma psicologia subjacente ao seu
teor sintetizado: ajuda a distinguir
de forma superior: o moral do imoral, o verdadeiro do falso, o razoável do
patético, a atitude ponderada do anedótico; o subjectivo virtual ou real do
linguístico literal do dia a dia.
A literatura terá alguma
utilidade prática?*
-- Há leitores que só procuram nos livros aquilo que os
possa ajudar nalgum assunto concreto e específico, desprezando-os de seguida
como objectos compulsivos que só fazem perder tempo. De certa maneira esses são
os leitores certos, porque a cultura é uma coisa que lhes faz tédio; ou seja,
na sua opinião não combate o “stress” (da existência, sendo uma brutal e
desnecessária “seca” afectiva, muito longe de fazer distrair, ainda levantam
mais confusões estéreis ou inúteis.*
Que acha dos audio livros?
--Os audio escritores não existem, porque ninguém escreve
para se fazer ouvir. A palavra escrita diverge abissalmente da palavra falada.
A palavra falada é mais directa e manipuladora do auditor que a escuta; é mais
condicionadora e fechada ao ritmo do auditor que a ouve; é mais frontal e
acutilante do que a palavra escrita.
A palavra escrita é mais indirecta, mais ambígua e confusa;
mais exigente de compreensão pelo leitor; mais dependente do conhecimento de
significados abstractos do leitor, mesmo quando usada em estilo simples e
acessível; é mais livre e aberta ao ritmo de leitura, do leitor.
Um bom falador é um péssimo escritor; um bom escritor é um
vulgar falador; há no entanto excepções.
Quem é?
--não é importante saber quem sou nem onde estudei. É
importante o que escrevo. Esperei quase quarenta anos para ter uma percepção
consistente das ideias sobre as quais escrevo.
O que o motiva mais quando escreve?
--A única preocupação constante é o combate ao esoterismo e
à superstição
O que mais detesta ler?
Os autores charlatães e pedantes.
Como ocupa habitualmente o seu tempo?
-- Ocupar o tempo é uma arte muito antiga: Roma inventou as lutas entre
gladiadores e touradas com morte do touro na arena, para ocupar o tempo das
suas clientelas politicas ociosas e ávidas de lazer; matar o tempo na sociedade
moderna é um problema sério devido à total libertinagem de costumes que são
tolerados. É mesmo um negócio, tal com a saúde ou a educação. Eu ocupo o meu
tempo acompanhando os resultados desportivos dados radiofonicamente e em
directo; criticando e fazendo comentários
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