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Recuperação de fragmentos florestais: uma solução para a conservação da qualidade das águas
(Pinheiro L. A. F.)

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A ocupação do solo tem, culturalmente como etapa inicial a retirada da cobertura florestal original. A vegetação nativa sempre foi considerada como uma barreira ao desenvolvimento, algo não compreendido que deveria ser removido. Pode-se observar ainda hoje traços desta maneira de se relacionar com a floresta, que remontam à época da colonização. O INCRA, por exemplo, exige a retirada de parte da cobertura florestal para que o título da área seja concedido em definitivo. A pecuária extensiva é responsável pela destruição de extensas áreas de florestas nativas sem nenhuma aptidão agrícola. Quando não são apenas cortadas e queimadas as florestas sofrem um processo de garimpo onde são retiradas apenas as espécies de maior valor econômico, sem nenhum planejamento causando, grandes impactos à florestas que substituidas posteriormente por monoculturas em detrimento da biodiversidade local.
Como resultado destas práticas caóticas de utilização dos recursos naturais surgem paisagens onde a cobertura florestal remanescente se encontra extremamente fragmentada. Assumindo o modelo atual de desenvolvimento agrário é possível predizer que todos os ecossistemas caminham para a condição de fragmentação. Esta hipótese é reforçada quando se observa a dinâmica dos desmatamentos no Brasil: o mesmo processo que devastou 93% da cobertura florestal nos estados de São Paulo e Paraná se repetiu no norte do Espirito Santo e Bahia anos depois e agora se volta para a Amazônia. Neste contexto, a sustentabilidade e a conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas é considerada por diversos autores como um dos maiores desafios deste final de século. Recentemente um dos fatos mais alarmantes tem sido a crescente minimização da qualidade das fontes de abastecimento público de água.
Hoje, o grande desafio para os órgãos públicos e para a sociedade em geral é promover a exploração dos recursos naturais em concomitância com a preservação da qualidade e da quantidade das águas dos mananciais. Como já mencionado, a redução da cobertura florestal é um dos fatores que acarreta em prejuízos à qualidade da água. Pelo processo de interceptação da água da chuva pela copa das árvores, a floresta desempenha importante papel na distribuição de energia e de água à superfície do solo, afetando a distribuição temporal e espacial da chuva que atinge sua copa, e diminuindo a quantidade de água da chuva que chega efetivamente ao solo[1].
A ausência da cobertura florestal promove alteração na capacidade de infiltração de água no solo. Em consequência ocorre aumento do escoamento superficial em volume e velocidade favorecendo a lixiviação e a erosão dos solos, implicando na perda de nutrientes, no aumento de sedimentos em suspensão, no aumento da turbidez, na contaminação química proveniente das aplicações na agricultura e assoreamento dos cursos d’água. Sendo assim, podemos afirmar que, a manutenção da produção de água de boa qualidade dependerá não só da realização sistemática de levantamentos sanitários, medidas de derivação e tratamento de resíduos industriais e domésticos, como também de medidas relacionadas ao ordenamento e planejamento do uso do solo, ou seja, de um manejo efetivo da Bacia hidrográfica. Para tanto se faz necessária a realização de um plano de recuperação e conservação da cobertura florestal, no qual deve incluir, além do planejamento do plantio de novas florestas (reflorestamentos), um programa de manejo dos fragmentos florestais remanescentes na paisagem, a fim de aumentar a sustentabilidade das florestas e obter um resultado mais significativo.
As técnicas que estão sendo testadas são (i) o manejo dos fragmentos florestais que atuam como ilhas de biodiversidade na paisagem; (ii) o reflorestamento de matas ciliares; (iii) o interligamento dos fragmentos florestais entre si e com os reflorestamentos através de corredores; (iv) o plantio de bordadura, para diminuir o efeito de borda e melhorar as formas dos fragmentos; e (v) o uso de sistemas agroflorestais. Aliados a uma das principais estratégias para alcançar o sucesso de um programa de recuperação ambiental: um bom trabalho de extensão com a comunidade local.
A sensibilização de algumas lideranças dos municípios da região assim como, de uma parte dos pequenos e grandes proprietários rurais ao problema da escassez futura de água de boa qualidade, promoveu a mobilização e a participação destes em programas de recuperação da cobertura florestal. O desenvolvimento do trabalho sinérgico entre os diferentes estratos sociais da sociedade garantem a sustentabilidade dos projetos de recuperação ambiental, e consequentemente, aumentam as expectativas para a obtenção de resultados positivos, na conservação da qualidade das águas da Bacia Hidrográfica. Existe a necessidade de se buscar modelos de uso dos solos mais adequados a nossa realidade tropical que permitam conciliar produtividade com conservação da biodiversidade visando a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida.



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