Violência Histórica
(José Augusto de Melo Vargas)
Escreva o seu resumo aqui. VIOLÊNCIA HISTÓRICA ( alusão à reflexões de Alberto Camus, em seu livro “Núpcias, Um verão” – analogia com nossa atualidade ambiental) MELVAR Este é o prólogo de um verão...tem feito um clima de apresentação a primavera que ora caminha para seu clímax, nada mais. Tudo o que acontece acima e longe do alcance de nossos vistas, tem muito a ver com os séculos de história já passados, quando paulatinamente todas as árvores genealógicas contribuíram para as estranhas mudanças que a natureza está montando. Calores de terras longínquas, sóis impiedosos e luzes negras nas ruas e calçadas escaldantes de um jardim que testemunhas suas flores murchas. Ao contrário da natureza predadora do homem, o meio ambiente não tem afinidades com a política mesquinha e mercadológica de nenhuma época ou domínio humano. No entanto, é vítima constante de quem deveria, até por instinto apenas, devotar-lhe a mais completa adoração. Note que não se fala aí em inteligência. Seria um desperdício atribuir tal privilégio a quem destrói seu ethos por selvageria ou pela alma gananciosa de nações que já possuem esse caráter estreito. Quantas fortunas construídas ao custo de uma guerra à campo aberto, com feridas permanentes e a desolação exibida por gerações, como troféu de combate?? Não há comoção no espírito do homem que confecciona essa estratégia de extermínio. Não há o funeral para uma árvore. Não há funerais para as florestas destruídas pelas queimadas, pelas derrubadas enormes que deixam clareiras descomunais...séculos de vida tombadas ao chão... Não há uma lágrima siquer pelos milhões de vidas ceifadas em rios e lagoas que já não existem...Não há um minuto de silêncio pelas queimadas assassinas... Supõem-se então, que a natureza nunca foi um ente querido.Isso é uma verdade. Está ali ou aqui e, pela sua presença constante, dá-se a ela uma visão vulgar e uma importância menor que um grão de areia. No entanto, estar aqui ali e aqui, refere-se também aos seres humanos. Lembrei-me de Albert Camus, em seus ensaios juvenis: “O homem está em toda a parte, em toda a parte estão seus gritos, sua dor e suas ameaças. Entre tantas criaturas reunidas já não há mais lugar para os grilos. A história é uma terra estéril, onde a grama não nasce.” Camus, em sua época, já fazia referência à industrialização desenfreada e a destruição da natureza na Europa. Em determinado momento, é clara sua alusão aos prazeres mais simples do espírito: “basta-nos uma noite na Provença, uma colina perfeita, um odor de sal e o doce dos rios, para perceber que tudo ainda está por fazer” Finalmente, acredita que tudo ficará para o futuro e o que resta é lamentar intimamente:”nada disso existirá jamais ou só existirá para outros”, e nos empenhamos a fundo para que estes outros, ao menos, não se vejam frustrados. Nós que percebemos tudo isso com um sentimento de dor, tentando entretanto, tudo aceitar com o coração isento de amargura, estaremos, pois, atrasados ou avançados demais? Teremos a força de fazer reviverem as florestas? ________________________
Resumos Relacionados
- O Espaço Geográfico
- O Estrangeiro
- Pare E Pense. A Natureza Agradece
- Para Proteger As Flores De Olho Gordo
- Homem & Animal
|
|