BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Fiat no Brasil, um tiro que saiu pela culatra
(Luís Henrique Tamura)

Publicidade
Nos anos 60, a montadora de veículos Fiat tencionava entrar no Brasil. Outras montadoras já instaladas se opuseram e com influências políticas, conseguiram impedir. Isso porque já naquele tempo, se conhecia que onde a Fiat entrava incomodava o mercado. Exemplos deste cenário foram vistos claramente na Europa. Ao tomar conhecimento de que o impedimento ocorria por uso de trâmites políticos e como bons italianos, acabaram contornando.
Veio a Copa do Mundo de futebol em 1970, todo o país só falava em Pelé, muito entusiasmo com a seleção, etc.
Neste cenário, a Fiat praticou suas manobras.
Financiaram campanhas políticas de senadores e deputados que se encarregaram de encaminhar um projeto permitindo a entrada da Fiat.
Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para o México, a Fiat conseguiu a aprovação sorrateiramente.
Quando as outras montadoras descobriram, o projeto de entrada já havia sido aprovado, a montadora havia comprado um terreno no Bairro Demarchi à apenas alguns quarteirões de distância da sede da Volkswagen do Brasil.
As empresas Volks, Ford, GM e Crysler se reuniram na Europa e chamaram a direção da Fiat para discutir a “questão Brasil”.
As empresas já instaladas alegaram que o Brasil não possuía mão de obra especializada antes das suas respectivas penetrações, que o comércio foi formado em função das mesmas, que toda a mão de obra especializada estava centrada no Grande ABC e por estas razões, a Fiat estaria se aproveitando da situação para se formar no mercado com muita vantagem comercial.
Por estas razões, afirmaram que a Fiat teria de se instalar no Brasil à pelo menos 500 km de distância da Grande São Paulo. Esta condição retirava a Fiat de praticamente todo o Estado de São Paulo, posicionando-se em regiões onde não havia literalmente nenhuma condição comercial nas regiões mais desabitadas do Estado. A distância ainda tirava a cidade do Rio de Janeiro. Esta imposição acabou sendo aceita pela Fiat.
Mas também houve uma segunda condição. As outras montadoras sabiam que a Fiat tinha um veículo que não agradou o mercado europeu e impuseram que ela produzisse por dez anos a linha que veio a ser conhecida no Brasil como 147.
A Fiat também aceitou mais esta condição.
O que veio a ocorrer? Para entrar no Brasil, a empresa conseguiu acordos com o governo do Estado de MG bastante interessado na montadora em seu território. Conseguiu com isso incentivos fiscais por parte do governo de Minas, do município de Betim, bem como do governo federal. Para comprovar, recentemente obteve a doação de um terreno ao lado da indústria já instalada, por parte do município de Betim.
A Fiat produziu e vendeu inicialmente a linha do 147 em 1974, tal como era produzida na Europa como Oitocënto, aludindo para o seu motor de 800 cilindradas. Não agradou como era de se esperar, mas como não poderia sair do projeto, imediatamente tratou de conseguir mais cilindradas com o mesmo motor. No ano seguinte fizeram o 1. 050.
O trabalho para conseguir mais cilindradas continuou e anos mais tarde chegariam à motores 1.3, 1.5 e 1.6.
Como não poderiam sair do projeto dois anos depois de instalada, a Fiat decidiu “esticar” o veículo e lançaram a Panorama. Isso agradou o mercado, pois trouxe um carro para as famílias. A Ford copiou imediatamente lançando a Belina, a GM a Marajó e a Volks, foi a última lançando a Parati.
Não poderiam sair do projeto? Lançaram a Pick-up utilitária cortando o veículo parcialmente. Novo agrado e novamente copiada, a idéia trouxe a Chevy da GM, a Pampa da Ford e novamente a Volks foi a última lançando a Saveiro.
Sem poder sair do projeto, novamente a Fiat lançou outros veículos com máscara nova remodelando o modelo com borrachões laterais, etc, formando a linha Spazio que nada mais era do que o mesmo modelo re-estilizado.
Com sete ou oito anos após a instalação, a Fiat veio com outra inovação, lançando desta vez a Fiorino baú, um veículo utilitário mini-furgão, com mais espaço e capacidade de atingir novos nichos de mercado.
Quando completou dez anos a Fiat veio com algo realmente impactante, lançando um novo veículo mundialmente, mas de maneira diferenciada, pois incluía o território brasileiro. Algo que nunca havia sido realizado, uma vez que o Brasil sempre via os produtos anos após o lançamento no exterior.
Em 1984, lançaram o Uno e depois toda a linha Uno, com os projetos se convertendo em modelos mais novos à partir do que já havia obtido com o antigo.
Depois vieram Tipo, Tempra, Palio e por aí em diante sem mais nenhuma obrigação à cumprir.
O interessante disso tudo é que o tiro saiu pela culatra. Ao se instalar distante da Grande São Paulo, a Fiat nunca teve problemas com o sindicato principalmente nos grandes movimentos de 78 e 79. Também por estar distante de um grande centro urbano, não sofreu com os congestionamentos que sempre proporcionam algum prejuízo com os atrasos de seus funcionários, saída e chegada de mercadorias, etc. Mas o que foi fundamental após a instalação da empresa no Brasil é que a Fiat passou a comandar seus fornecedores, condicionando o fornecimento de mercadorias à instalação de fábricas em suas proximidades. Quer fornecer peças para a Fiat? Precisa ter uma fábrica ao lado dela.
Atualmente possui um quadro de 15 mil funcionários e produz perto de 3 mil veículos ao dia. Goza de incentivos fiscais que todas as outras cobiçam.



Resumos Relacionados


- Uno Assume A Liderança De Vendas Em 2012

- Fiat 500

- O Carro Que Foi Amaldiçoado Pelo Papa

- Veiculos Roubados

- Imam Ro.51



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia