Vivendo Martins Fontes
(Edith Pires Gonçalves Dias)
No início deste ano, no SESC de Santos, ouvi uma palestra da acadêmica Edith Pires Gonçalves Dias, de 86 anos, que há 17 dedica-se a divulgar a obra de Martins Fontes. Ela escreveu: Vivendo Martins Fontes, uma biografia sobre a vida do poeta e médico Santista. A partir de então comecei a pensar no imenso carisma deste admirado santista. Meu pai falava dele com entusiasmo, bem como inúmeras outras pessoas que o conheceram pessoalmente, ou tiveram o privilégio de com ele compartilhar a intimidade de seus lares. Caso de Edith, que relata que, quando nasceu, o poeta escreveu versos homenageando seus olhos, no verso de um receituário destinado a sua mãe. Este homem teve, sem sombra de dúvida, uma presença forte, para deixar marcas tão profundas e lembranças carinhosas na memória de tantas pessoas que o conheceram de perto ou com ele conviveram intimamente. Uma de suas frases ficou famosa na região, e continua sendo repetida por muitos, até hoje: "Como é bom ser bom!" No entusiasmo de Edith, e de outros tantos que cultuam a memória do poeta, percebe-se a alegria de ter um ídolo, um modelo a seguir. Penso seu esta uma necessidade bem humana: mirar-se em um mentor. Daí nasce o herói. E quanto mais tempo se passa após a morte do herói, só as boas memórias são resgatadas, exageram-se os traços positivos, esquecem-se quaisquer características que possam diminuir a imagem idealizada. Ao cultuar o herói, os narradoras adquirem por tabela um pouco de seu brilho, compartilham de sua glória, sentem-se engrandecidos por terem feito parte da história do herói. No caso especial de Martins Fontes, temos ainda de considerar que sua profissão de médico convidava ao forte comprometimento emocional, de gratidão, ou mesmo dependência, daqueles que utilizavam seus serviços profissionais. Os bons profissionais da área médica são, com muita freqüência, associados inconscientemente aos pais, fontes primeiras de atenção e cuidados, mormente naquela época, em que as visitas eram domiciliares, e o médico o era da família. Sendo o médico rico, como era o caso de Martins Fontes, o não cobrar consulta não lhe fazia diferença alguma no bolso, mas sem dúvida criava um vínculo poderoso entre os beneficiados pelo seu desprendimento. Sem dúvida Martins Fontes escrevia com maestria e este século promete coloca-lo em lugar de destaque em sua própria terra: fala-se na criação da Casa Martins Fontes, no próprio imóvel, restaurado por um particular, onde o poeta viveu; fala-se também da edição de suas obras completas, infelizmente por uma editora de Portugal, pasmem!
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