Invólucro
(Remisson Aniceto)
Idiota! Não vês que nada és? Apenas fina capa bolorenta te protege da podridão. Vermes famintos te rodeiam. Ignoras que num lance mágico, num segundo apenas cai por terra toda a altivez e o belo papel-presente revela a fétida massa? O gosto amargo do fel, a visão incerta, o entortar das pernas, o descontrole total... tudo é inevitável! Mais dia menos dia serás presa fácil: o tempo é impiedoso. O trágico fim independe de tua vontade. A arrogância que despejas não passa de faceta inútil das tuas diversas faces vãs e mundanas. Ao sol poente, o rosto murcho e os ossos corroídos doerão mais do que naqueles que tiveram a precaução e o bom senso de serem simples e ocultos. Restarão teus lindos cabelos... E que utilidade terão teus cabelos – fios órfãos e subterrâneos – dispersos, opacos sobre os ossos?
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