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O coração não engana
(João Massapina)

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III - INFÀNCIA IRREQUIETA
Cinfães do Douro, foi o local escolhido, pelo meu destino, para o despontar da minha vida para a infancia. Vila situada no Distrito de Viseu em Portugal, com fronteiras com 3 rios, o Rio Douro, o Rio Cabrum e o Rio Paiva, colocada no Serra de Montemuro, a vila campesina, em que cada um dos seus habitantes possui o seu terreno com uma casa, umas ornadas com brazões a transmitir a ancestralidade, outras mais simples, mas quase todas viradas para o Rio Douro.Recordo ainda a importancia de algumas Quintas ou Solares, como Santa Barbara, também conhecida por Sequeiro Longo, Casal de Bouças, Soalheiro, Bouça, Chieiro e Tintureiros.Não posso esquecer a importancia da Capela de Escamarão e o Mosteiro de Tarouquela, para já não falar da Igreja Matriz de Cinfães, local mitico de brincadeiras e o centro social da vila naqueles tempos.A preposito de Igreja; recordo agora a febre que foi para a juventude, as patranhas do Padre Adão, sobre a belissima vida que os jovens teriam á sua espera no seminário, onde até tinham piscina e pista de atletismo e campos de futebol.Os palermas, incautos, não por vocação religiosa, mas para jogar á bola e ter uma piscina, lá se foram inscrevendo, para partirem alegres para aquele campo de férias, onde a imaginação dos primeiros anos de vida dizia que passariam toda a vida de molho na piscina e a jogar á bola.Os paizinhos, todos vaidosos, lá os levavam á camioneta da carreira, como se chamava naqueles tempos, ao autocarro, todos inchados com o destino dos seus meninos, naqueles ultimos anos de Salazar e Cerejeira, Deus, Patria e Familia, ser Padre, era quase tão importante como ser Ministro da Republica.Não que ser Ministro em Portugal nos anos 60, fosse o mesmo que em França, onde Ministro se é para toda a vida, mesmo depois de o ser, mas porque ser Padre naquela epoca dava um poder quase sobrenatural sobre aquelas almas, na sua maioria analfabetas e supersticiosas e dessa forma tão arreigadas a uma crendice de que quem dominava a vida social e politica era o Sr. Abade da terra.Ser Padre tinha ainda a vantagem de uma ida para a guerra nas colonias, numa posição de destaque e com poucas possibilidades de levar com um balazio perdido, ou cair nas teias de alguma mina ou granada perdida.Na imaginação dos petizes, estudos e outras actividades não iriam constar da estadia, só piscina e futebol, e no final sairiam Abades, para poder rezar missa, e passar a vida a comer e viver á farta, á conta dos crentes da Paroquia para onde fossem destacados. Ser Padre significava também terem ao seu dispor uma Maria qualquer em casa, a quem para o exterior faziam passar ser a mulher a dias, mas que na realidade da maioria das vezes se tratava da chamada mulher para todo o serviço, e quem sabe ainda oportunidade de "encornar" alguns incautos paroquianos que descansados com suas mulheres nas actividades religiosas nem desconfiavam do que se passava na sacristia.O Padre Adão, até que era astuto, nas festas nem queria pagar a electricidade dos ornamentos luminosos de rua, bem que o meu pai o lixou!"Ou paga a electricidade, ou arranja um dinamo, monta numa bicicleta, pedala, e faz nascer a energia para acender as lampadas dos festejos".Até que o velho era mesmo herege, pode lá acreditar-se que nos anos 60, um tipo fosse contra o abade da terra, e o tratasse como outro cidadão qualquer. Só mesmo ele para isso.Penso que o meu bom amigo de infancia, Tó-Bé, também foi para o Seminário, se saiu de lá Padre, é outra historia, mas que deve ter ido lá parar, isso não duvido!Entretanto, a fé dava para me acompanhar em outras peregrinações.Belos jogos de futebol, no Parque Serpa Pinto, fronteiro, a minha casa. jogos de intenso poder fisico, como o famoso "lá vai alho", que consistia em colocar 4 ou 5 amigos dobrados e apoiados nas costas uns dos outros em fila, enquanto os outros saltavam para cima das suascostas após gritarem "lá vai alho", o objectivo consistia em saltar alto e com força e tentar fazer cair os elementos da equipa que ficava por debaixo.Concursos de pontapé na bola para o ar, para se vêr quem atirava mais alto. Eu até me treinei a conseguir colocar a bola no cimo do campanário, tocando no sino, e vindo a bola a cair pela escadaria interior, de pedra, degrau a degrau, até á porta, sempre fechada, e que com maior ou menor dificuldade, obrigava o Serafim, o Sacristão a abrir a porta que dava acesso ao campanario, para nos devolver a bola. O pobre Sacristão que era um tonto, ou fazia de tonto, e hoje desconfio que mais qualquer coisa, do tipo virado para o lado do inimigo, aquilo que no Brasil é conhecido por "Veado", mas mais conhecido em Portugal por "Paneleiro", na realidade homossessual, lá resmungava mas acabava por ir buscar a bola e devolve-la ao pessoal.Um dia esqueceu-se das chaves em cima de uma caixa de esmolas, e foi a festa total pois tomamos o poder da Igreja, podiamos abrir todas as portas, e andar por todo o lado, até ao alto do campanário fomos, e em sinal de libertação da ditadura tocamos o sino a rebate. Foi o terror total do Serafim, que só viu as chaves restituidas após um acordo que de nos devolveria sempre a bola, quando a mesma ficasse aprisionada em algum local da Igreja.Para já não falar das grandes interpretações musicais, no grande orgão da Igreja Matriz, que se transformava no terror das velhotas nas horas das Trindades, Pai Nossos e Avé-Marias, porque na realidade a musica produzida não era mais do que acordes de terrifico som, tipo banda sonora de filmes de terror de 3º escalão.Então lá vinha o Serafim, prestável Sacristão, a correr para terminar com as actuações, que obrigavam sempre á presença de 2 organistas, um para se sentar nos pedais que dão entrada ao ar nas tubagens do orgão, e eu como o grande compositor dos ruidos saidos daquela maquina infernal.Enfim, convinha ao Abade ter um tonto próximo para não relatar com promenor e credibilidade as suas aventuras, e para este papel o Serafim era a pessoa ideal!As missas dominicais eram sempre atractivo para brincadeiras nas ultimas filas de bancos corridos.As idas á missa não serviam para ouvir a chamada palavra do Senhor, mas mais para brincadeiras com carrinhos, cromos e berlindes, que invariavelmente acabavam com o Padre a interromper a missa para chamar á atenção, até ao dia em que eu farto de tanto ralhete e leria, resolvi responder em directo, alto e bom som, ao Padre Adão: "... deixe-se de tanta converseta, e acabe mas é com a historia de andar a papar a boazuda da sua cunhada..."Foi o fim! Na Igreja produziu-se um silencio de morte. O Padre Adão ia morrendo de vergonha, mudou de cor umas trezentas vezes, e ficou mudo, eu sai pela porta grande como os grandes toureiros em tarde de faena com direito a rabo e duas orelhas, com direito a uma volta completa na arena. O pior foi depois, grande parte da malta amiga durante muito tempo esteve proibida pelos pais de falar comigo, pois eu tinha levantado a mais do que suspeita do acto pecaminozo do Padre com a Cunhada.Foi a primeira vez de muitas que ao longo da minha vida tive razão antes de tempo, pois que pouco tempo mais tarde, se viria a confirmar, na sua plenitude, as minhas palavras com resultados catastroficos.Nunca mais na minha vida assisti a uma missa completa, e desde esse dia sempre olhei com desconfiança para a classe da Biblia e da Sotaina, e até hoje desconfio muito de todo aquele individuo que vejo andar a passear a Biblia debaixo do braço, e a refere como quem bebe água em cada fonte por onde passa, mas que na realidade do dia-a-dia não cumpre nada do que lá vem escrito e determinado.Sempre, desde criança, me questionava como era possivel uma mulher engravidar e continuar a ser moça, a historia da cegonha e da vinda das crianças de Paris, dentro de um cesto no bico daquelas simpaticas aves, nu



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