BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O coração não engana
(João Massapina)

Publicidade
VI - CLARIVIDENCIAS JUVENIS INEXPUGNAVEISAs idas a Lamego eram sempre acontecimento de muitas aventuras, paragens técnicas e visitas diversas pelo caminho fora. A visita rápida a casa de vários amigos de longa data dos meus pais, era ponto de paragem obrigatória, nomeadamente por exemplo em Marco de Canaveses. E também em casa de muita gente, que para mim eram simplesmente novos conhecimentos, para eu ter a oportunidade de conhecer e conviver e paralelamente idas a locais miticos e especiais. Num desses locais o meu pai, o meu futuro cunhado e o meu irmão, que por serem frequentadores assiduos, custumavam pedir invariavelmente um prego (sande de pão com um bife) e um fino (copo de cerveja tirado á pressão, também conhecido por imperial), fui um dia e sentei-me com eles ao balcão, qual homem grande, e o empregado, na sua gentil cortezia, após servir todo o pessoal, perguntou-me em voz alta e convicta: "Então! E aqui o cavalheiro o que vai querer? ", resposta pronta: "se todos querem um prego e um fino, eu cá para mim, e só para começar, quero um martelo e um prego!".A minha intensão seria pedir uma sande de carne com um pirolito a acompanhar.Foi a risota geral na cervejaria e a partir desse dia, todas as idas aquele local, eram acompanhadas por uma imensa festa e claro um "Prego e um Martelo", quero eu dizer uma sande de carne assada e um pirolito!As visitas a Lamego culminavam sempre com a ida ao Bairro de Fafel, a casa dos pais do João, namorado da minha irmã e que veio a ser posteriormente seu marido. Ali, eu podia brincar á vontade e admirar a maravilhosa e enorme gata branca de casa, a "Branca", que veio a falecer com a incrivel idade de 19 anos, e com muitas dezenas de filhos dados á luz. Por outro lado a atracção pelo rio que passava junto da casa, tomava conta de mim, e levava-me a passar horas e horas a vêr passar o seu curso, e a escutar o ruido inolvidável da água batendo contra as rochas, sempre na esperança de vêr o rio transbordar ou de vêr passar na sua corrente de agua rapida algo de fora do comum. Tal nunca aconteceu! E passados alguns anos voltei lá ao mesmo local onde passara horas a olhar e escutar o rio, e senti a mesma nostalgia e esperança de vêr algo diferente. Embora desta feita a unica alteração foi não ir vêr o rio totalmente sozinho, pois uma velha amiga, Gaby, acompanhou-me nessa perigrinação, e também o facto de não o encontrar tão limpido como antigamente, e em vez das suas cristalinas águas, encontrar bastante lixo num caudal de água bem suja. A paisagem envolvente continuava na mesma, bucolica, e serviu de local para eu conhecer melhor a maneira de ser e estar da Gaby. A mesma Gaby que anos antes eu não conhecia se não como irmã do meu bom amigo Tó-Jó, e com a qual não convivia porque a achava demaasiado criança, para mim, um jovem com pouco mais 4 ou 5 anos do que ela. E agora essa "Gaby" deixava-me de alguma forma pensativo sobre os meus reais sentimentos em relação a ela, e os sentimentos dela para comigo.O meu cuunhado era musico, tocava bateria no famoso conjunto musical da epoca "os 5 Latinos", eu nunca tive intensão de me dedicar à musica, mas naquela epoca adorava fazer barulho com as baquetas nos tambores daquele instrumento, que me parecia ao mesmo tempo deslumbrante e demasiado dificil de tocar.Outra das minhas aventuras naquela casa era vestir a farda militar do meu cunhado, e gozar um pouco com os militares, pois desde sempre me senti anti-militarista.Até hoje recordo que ir a Lamego era sinonimo de encontrar um dos frutos de que ainda hoje mais gosto, castanhas, e ainda recordo também o maior magusto a que alguma vez tive oportunidade de assistir e participar, e que para além de castanhas assadas, se pode comer nesse dia sardinhas, frangos, e carne assada variada. Foi uma festa e tanto, num local paradisiaco em Resende, localidade que fica situada a uns quantos km's de Lamego, e onde a casa do seu cunhado António Adeu, era visita certa e obrigatória.O meu cunhado tem uma doença desportiva, da qual eu também padeço, é adepto do Sporting Clube de portugal, mas pior do que isso, é o facto de ele ser verdadeiramente adepto ferrenho do Sporting Clube de Lamego, filial do Sporting C. P., e não dispensar uma ida até à "Serra das Meadas" para assistir aos jogos de futebol do clube da sua terra natal, e eu não raras vezes o acompanhei para assistir a jogos no complexo desportivo, que nessa altura tinha tanto de bonito como de rudimentar, mas que mais tarde se tornou num verdadeiro centro de estagio, onde as próprias Selecções Nacionais, já por mais de uma vez estagiaram. Cada vez que o meu cunhado se deslocava a Cinfães, a casa dos meus pais para namoriscar a minha irmã, tinha-mos que o levar no regresso à Estação ferroviária de Mosteiro, esta era uma oportunidade sempre bem aproveitada para se passear um pouco.Constituia factor de muita imaginação minha o tunel existente junto da estaçção e do qual eu via sair apitando comboios, e tantas vezes imaginava a possibilidade de esse tunel conduzir para outros locais que não a simples linha ferroviária com destino à Vila da Regua. Era a minha imaginação sempre a funcionar, e o ruido do apito da locomotica que se aproximava, ainda aumentava mais a minha espectativa sobre essas aventuras sem fim, aliadas á passagem de nivel que era uma armdilha contra o tempo, pois quem não passasse para o outro lado antes de ser encerrada, perdia o comboio.Com a chegada do outono, e o inicio do periodo escolar, lá vinha a aventura da apanha das castanhas, e o martirio de chegar a casa todo sujo, e com o velhote Antunes à minha espera!Os castanheiros eram atacados de uma forma verdadeiramente assassina. Um de nós subia ao alto do castanheiro, os outros ficavam por debaixo e iam apanhando os ouriços com as castanhas ainda no seu interior, e colocando bem rapido para dentro de sacos e muitas vezes dos casacos despidos e a improvisar sacos, enquanto dois ou três vigiavam as cercanias para vêr se não vinha o dono dos castanheiros e nos apanhava naquele furto descarado.Entretando o tempo dava para uma batalha de tiros de castanhas, com a constituição de duas equipas, e depois eram tiros e mais tiros de castanhas com os ouriços ainda a proteger a castanha e tudo, era um momento de incrivel liberdade, e ao mesmo tempo a inocente destruição de fruta que muita falta fazia para muita gente. Os ataques eram sempre realizados depois das aulas, e no regresso a casa, e quando dava para o torto, era fugir a sete pés, com as castanhas que se conseguiam salvar nas mãos, casacos, sacos, etc, e tudo o resto ficava para trás, porque o dono dos castanheiros não perdoava. Tantas vezes nos escondemos na quintinha do Dr. Ramos, e vimos passar um dos donos dos castanheiros, clamando alto e bom som que nos dava uma trepa daquelas para não mais esquecer, se nos conseguisse colocar as mãos em cima, só que nós fugiamos que nem ratos, e era impossivel apanhar aquele grupo de "pilha castanhas".Por sorte nunca aconteceu nada ao grupo, mas cá este vosso amigo, a unica tareia que quase esteve para levar do pai, foi por causa desses ataques aos castanheiros.Como eu era o mais conhecido do grupo, e o meu pai dirigia a Sub-Estação Electrica, volta não volta havia queixas a meu respeito, e da minha colaboração efectiva com o grupo de "pilha-castanhas". E depois de muitos avisos por parte do meu pai, um dia cheguei a casa, e ele lá estava à minha espera com o cinto das calças em riste. A minha sorte foi que ele se encontrava debilitado, em fase pré-operatoria ás varises, e não podia correr muito, e o salão da casa mais parecia uma quadra de futebol de salão, de tão grande que era.Correu atrás de mim e fizemos várias voltas em redor da enorme mesa, não sei quantas vezes corremos aquela verdadeira pista de atletismo. Ainda tentou empurrar a mesa contra uma parede para vêr se me encurralava



Resumos Relacionados


- O CÃo, O Lobo E A Liberdade - FÁbulas

- Como Fazer AlguÉm Feliz

- O Biscoito Mais Gostoso

- O Coração Não Engana

- "el PortuguÊs"



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia