O Portal 
(Rachel Dias de Moraes)
  
Eu sou eterna e atravessarei os tempos. No longínquo paraíso, me desliguei do Divino, e senti o mundo das sensações. Meu espírito se dividiu e eu conheci a matéria. Senti-me cheia de possibilidades, livre e me joguei em todas as direções.  E havia o caminho do puro espírito, que sempre me acenava e me entorpecia em sua embriaguez. Mas eu queria um caminho que me conduzisse a muitas visões de mundo. Seria o mais livre dos caminhos, conservaria minha centelha divina, tendo os olhos abertos e conscientes.  Antes do ventre de minha mãe, fui preparada para ser o que sou.  Em cada etapa de minhas existências, minhas experiências foram sendo  armazenadas e aperfeiçoadas, tudo em concordância com o Criador.  Deus me deu o portal do nascimento e o portal da morte, para que eu renascesse segundo o que me foi predestinado. Foi de dentro de um botão de flor em formação que o meu corpo surgiu para o mundo. E o mistério da respiração manifestou-se em mim. Foi neste exato momento que eu senti a separação de um mundo para outro. Com penetrante intensidade, aquele ar que recebi, me queimou por dentro, e um intenso frio cortou minha pele, quando uma luz me envolveu por inteira. Fui apresentada a esse mundo. Conectei-me ao ritmo de inspirar e expirar e um termostato de frio e calor foi acionado. No momento que incorporei o ar exterior, ganhei minha alma. E a cada inspiração, encarno mais e mais, e a cada expiração, sinto um pouco de desencarnação. Num ritmo constante eu venho e vou. Durante toda a minha infância fui envolvida por meu anjo que afincadamente trabalhou para a substanciação do meu “Eu”.     E até o final dos dias, e muito além deles, estarei cercada por Ele. 
 
  
 
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