Memória e situações traumáticas
(o próprio)
Todos nós temos ao longo da nossa vida, situações de sofrimento, motivadas por vários episódios, que vão, desde a perda de pessoas significativas para nós, até aos abandonos de pessoas que gostamos, passando por outras de vária ordem. Procuro nesta breve síntese, transmitir-vos a maneira mais saudável em termos mentais de tratar ultrapassar estes sofrimentos. Geralmente optamos por "tentar esquecer, reprimindo os sentimentos que estão agarrados a essas situações", e com o tempo lá acabamos por ir atenuando esse sofrimento. No entanto durante esse tempo, damos connosco a ter lembranças inesperadas dessas situações traumáticas, que nos deixam com marcas faciais, corporais e outras, reveladoras de grande tristeza. Dizem os entendidos e eu acredito porque tento praticar isto, que a melhor maneira de digamos, "tentar esquecer", é lembrar conscientemente o que aconteceu e assim procurar libertar as angústias e o mau estar que estão agarrados emocionalmente a essas situações traumáticas. Muitas das vezes não conseguimos fazer este trabalho sozinhos e aí não há como pedir uma ajuda a quem sabe. Mas nunca ser excessivamente teimosos ou defensivos tentando esforços medonhos para esquecer. Com muito mais facilidade esquecemos o que é lembrado e trabalhado por nós próprios. É óbvio que existem situações traumáticas, muito mais fáceis de "digerir" do que outras. Para isto não há nem receitas, nem graduações, mas há sempre uma coisa a fazer;"lembrar"e trabalhar dentro de nós essa lembrança, umas vezes com saudade, outras com rancor mas sempre lembrar, até que com o decorrer do tempo tudo se vá dissipando e perdendo significado intenso que nos massacra. Tudo o que seja repressão interna ou tentativa de " afastar" ideias que têm sentimentos de grande dor interna é como que um fantasma, que também se vai em alguns casos dissipando com o tempo, mas que enquanto decorre e enquanto se atenua é muito mais doloroso. Porque passar tudo passa, na maior parte das pessoas, o problema reside nos massacres a que estamos sujeitos por fugir do que é doloroso. Resumindo; enfrentar; trabalhar as emoções vividas, e procurar ajuda sem receios nem omissões. Pelo menos assim, digo-vos por experiência própria torna se mais atenuada a dor e demora, talvez menos tempo a desvanecer-se.
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