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O Bom-Crioulo
(Adolfo Caminha)

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ADOLFO CAMINHA O BOM-CRIOULO Amaro era alto e corpulento, figura colossal de cafre – musculatura invejável, destreza felina. Quando bebia virava uma fera desencarcerada. Longe da influência alcoólica era admiravelmente manso. Surgiu ninguém sabe de onde. Veio metido em roupa de algodão. Teria aproximadamente 18 anos. - Era negro fugido! Conseguiu se livrar dos seus captores e veio parar na baia de Guanabara. Alistou-se na marinha e a sensação de liberdade que sentiu era indescritível. Embarcado, todos eram iguais, não existia distinção de cor e nem de raça, tinham as mesmas regalias. No primeiro ano de aprendizagem por ter caráter meigo foi apelidado de Bom-Crioulo. Todos riam dele porque era rude como um selvagem, tinha modos ingênuos de tabaréu e, até então, desconhecia as práticas militares. Porém, tinha uma grande vontade de aprender. Aos 30 anos passou a ser marinheiro de segunda classe, era gajeiro de proa, uma espécie de fiscal do mastro do traquete. Após dez anos de embarcado sente-se enjoado dessa vida e já não quer ir mais para o mar aberto. Começou a ficar descuidado, já não era tão lépido quanto antes; dizem que é por causa da cachaça e do seu envolvimento com o grumete Aleixo, que era recém-chegado ao navio, embarcara no sul e que tinha apenas quinze anos de idade. Houve uma atração de posse quando seus olhares se encontraram pela primeira vez. Bom-Crioulo começou a cortejá-lo e, prometendo proteção ganhou a sua confiança. Bom-Crioulo já não era dócil e nem tolerante, isso deixará no mar aberto. Tratava com desdém os superiores, abusando se eles lhes faziam concessão, maldizendo-os na ausência, achando-os maus e injustos. Ganhou fama de valente e era temido por todos. Quando estava de folga às vezes bebia muito e começava a provocar brigar com todos. Bom-Crioulo vivia atormentado pensando insistentemente em Aleixo. Aquela mesma atração incontrolável da primeira namorada. Ele nunca sentira isso. Apesar de não ser chegado às mulheres, e ter tido com elas duas experiências desagradáveis, reprovava o relacionamento homossexual, Jamais havia pensado nisso. Entrou em conflito consigo mesmo, porém pensou: "já que aconteceu e que não poderia dar jeito na situação, era ter paciência, uma vez que a natureza lhe impunha esse castigo. Passaram a morar juntos na Rua da Misericórdia na casa de quartos de D.Carolina. Já viviam nessa situação há um ano, e tudo transcorria às mil maravilhas. Até que Bom-Crioulo foi transferido de embarcação. Foi a contragosto, pois iria ficar longe de seu grumetezinho, loiro de olhos azuis e com apenas quinze anos de idade. No encouraçado as regras eram diferentes, o imediato era um homem muito severo e só falava em castigo. As idas para terra estavam difíceis, desde que fora transferido não via o seu amado. Aleixo, com o afastamento de Bom-Crioulo, começa a pensar que poderia arranjar outro homem de posição, que tivesse dinheiro para sustentá-lo e ter uma vida melhor, já que estava acostumado com "aquilo". D.Carolina na ausência de Amaro começou a colocar para fora a atração que sentia por seu "Bonitinho", e decidiu conquistá-lo. Queria que ele fosse seu amante e pensava em sustentá-lo secretamente. Aleixo depois da primeira vez com D.Carolina, já pensava em não ver mais o Bom-Crioulo, se isso fosse possível. – Ah! Que felicidade! Queria esquecê-lo para sempre, mas a figura do negro não sai de sua cabeça, seu físico e sua agressividade o acovardava. Revoltado por não poder visitar o seu amante em terra, Bom-Crioulo resolve fugir. - Consegue! Vai à Rua da Misericórdia e não encontra Aleixo, que estava de serviço na Corveta. Fica chateado e resolve beber. - È a conta certa! Cria uma confusão dos diabos, termina preso e é levado de volta para o navio onde é duramente castigado. O castigo foi tão duro que baixou hospital. Isolado sentiu saudades fortíssimas de seu Aleixo, ficou inquieto, alucinado para ver o amante. Mandou-lhe um bilhete convidando-o para vir visitá-lo. O bilhete foi interceptado porD.Carolina que o rasgou. Como Aleixo não foi e nem mandou resposta, a agonia de Bom-Crioulo atingiu proporções irracionais. Tentou uma fuga infrutífera que só piorou a sua situação. Bom-Crioulo no seu desespero sentimental só tinha uma idéia na cabeça: vingar-se do efebo, perseguí-lo até a morte, aniquilá-lo para sempre. Era um misto de ódio, amor e ciúme. Estava cego de paixão. Toda sua ira aumentou quando tomou conhecimento que o grumete estava de caso com uma rapariga. Engendrou um novo plano de fuga. Consegui o seu intento. Fugiu durante a noite do hospital e ficou esperando amanhecer o dia para tomar um bote de ganho. Ao chegar à Rua da Misericórdia tomou informações com um caixeiro da padaria que, dentre outras coisas, avisou que o grumete Aleixo estava de caso com D.Carolina. Isso só fez aumentar o seu ódio doentio. Nesse momento Aleixo sai à rua, sendo visto por Bom-Crioulo, que com agilidade felina dirige-se ao seu encontro, agarrando-o com fúria tresloucada, desfere-lhe certeira navalhada prostrando-o ensangüentado no solo. Finalizando assim de maneira trágica esse triângulo amoroso pervertido. Adolfo Caminha, faleceu aos 30 anos de idade acometido por uma tuberculose. Autor naturalista, foi oficial da marinha, conheceu por experiência própria os tipos humanos que aparecem no romance. Baseado em fatos reais, ambientado no porto da Cidade do Rio de janeiro durante o século XIX. Foi um romance considerado ousado e muito forte para a época. O romance tem um desfecho surpreendente, onde prevalece o instinto sobre o sentimento; do animal sobre o racional.



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