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CARNAVAL: NENHUMA MENTIRA
(Eliy Wellington Barbosa da Silva)

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A música e o homem nunca poderão ser separados, pois música é uma forma de expressão de idéias, experiências e sentimentos. Ela sempre fez parte do desenvolvimento cultural da humanidade. Os registros históricos mais antigos sobre música, revelam que ela relacionava-se estritamente com as celebrações religiosas. Por isso os principais ritmos da atualidade tiveram sua origem em cultos religiosos. Os negros tiveram um papel decisivo na formação cultural do Novo Mundo. O tráfico de escravos teve origem com os portugueses, seguidos pelos holandeses, franceses e britânicos. Calcula-se que entre 1450 e 1870 cerca de 11,5 milhões de africanos foram escravizados, destes pelo menos 10 milhões sobreviveram nos porões fétidos dos navios negreiros até a chegada nas Américas. Somente na década de 1770, cerca de 718 mil escravos foram enviados ao Brasil. Os escravos, que eram traficados do Senegâmbia, Serra Leoa, Baía de Benin, Baía de Biafra e do centro-oeste africano, trouxeram suas culturas ao sul dos Estados Unidos e ao Brasil. Visando proteger sua religião, os escravos tentavam convencer os senhores de engenho e os padres, que os santos do catolicismo eram os mesmos orixás que reverenciavam. Roger Bastides em seu livro “As religiões africanas no Brasil”, relata que “diante do modesto altar católico erigido contra o muro da senzala, à luz trêmula das velas os negros podiam dançar suas danças religiosas tribais. O branco imaginava que eles dançavam em homenagem à Virgem ou aos santos; na realidade, a Virgem e os santos não passavam de disfarces e os passos do bailados rituais cujos significados escapavam aos senhores, traçavam sobre o chão de terra batida os mitos dos orixás e vodus. A música dos tambores abolia as distâncias, enchia a superfície dos oceanos, fazia reviver um momento na África...”. Mesmo no período pós-abolição, os terreiros de macumba (um sincretismo de candomblé e catolicismo) mantiveram os atabaques, as danças e a capoeira, dando origem ao samba. Os primeiros “desfiles de samba” remontam o ano de 1886, quando “os jornais chamaram de cordões os 'grupos de foliões mascarados e provocadores'. Saiam fantasiados, satirizando personalidades, um mestre com apito comandava os tambores, cuíca e reco-reco. O cronista João do Rio viu no cordão sinais da antiga festa de Nossa Senhora do Rosário, na qual cortejos de negros saíam sacudindo chocalhos e entoando cânticos”, relata a revista “Super Interessante”. O ritual do desfile vem da antiguidade, quando os exércitos voltavam à cidade base exibindo seus despojos de guerra. E esse tipo de solenidade saturou a religião católica. Em 1549 o padre Manuel de Nóbrega registrou a primeira procissão enfeitada, por ocasião de Corpus Christi. E foi justamente das procissões católicas que saíram as baianas escravas enfeitadas. Os primeiros desfiles de samba eram verdadeiros rituais religiosos: a caminho da Praça Onze de Janeiro, onde faziam a festa, os batuqueiros reverenciavam todas as donas de casa de santo, como as históricas Tias Fé e Ciata. A folia e a fantasia remetem à Roma antiga, onde no dia 15 de fevereiro os sacerdotes de Pã, chamados de lupercos, saíam cobertos somente com sangue de cabra, perseguindo as pessoas na rua. No Brasil, os portugueses faziam uma guerra de baldes d'água e lixo chamada “entrudo”, sem dança ou música. No começo do século XX, essa 'molhança' foi substituída por confete, serpentina e lança-perfume. EXISTE UM TERREIRO DE MACUMBA NA ORIGEM DE TODA ESCOLA DE SAMBA “Existe um terreiro de macumba na origem de toda escola de samba”, assim começa uma matéria da revista “Super Interessante” de 02 de fevereiro de 1996. Os descendentes de escravos, muitos vindos da Bahia e da área rural do Rio de Janeiro, tinham somente os atabaques para tocar. Com seus instrumentos e sua musicalidade religiosa, fundamentaram o samba em voz e percussão. Carmésio A. Santos em sua obra “A mensagem oúsica” afirma que o termo “afro” não é somente um adjetivo para “africano”, mas “afro é tudo que vem da religião 'iorubá', a religião dos orixás, afro é feitiçaria, é magia negra”. Há décadas, os desfiles de escolas, os bailes e os trio-elétricos invadem os lares pelo rádio e pelas emissoras de TV, que possuem uma programação toda especial voltada para o Carnaval. Os desfiles são cheios de luxúria e misticismo; movidos por mulheres extremamente sensuais e músicas que exaltam a prostituição, os vícios e os exus. “Nenhuma mentira vem da Verdade” (I João 2.21) e nenhuma Verdade vem da mentira! Por isso você precisa decidir se vai ou não permitir que fantasias, músicas e carros-alegóricos dedicados aos “guias” do Candomblé, Umbanda e Quimbanda invadam a sua casa e se assentem na sala de estar com a sua família.



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