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Cem Anos de Solidão
(Gabriel García Márquez)

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A
meia-idade do livro Cem Anos de Solidão





Moacir
Pereira













Cem Anos de
Solidão ou Cien Años de Soledad, o livro que deu o Prêmio Nobel de
Literatura ao colombiano Gabriel García Márquez, completa quatro décadas de
lançamento neste 2007. Trata-se da obra mais conhecida do escritor, mas é a que
lhe causa maior grau de irritação. Seja na Colômbia ou no exterior, todo e
qualquer contato com a mídia começa e se desenvolve com perguntas sobre a obra
e a sua resposta é sempre a mesma: ``Não é o meu melhor livro. Tenho
outros´´. A reação de Gabriel García Márquez
é compreensível, mas também o é a do público, cuja curiosidade é insaciável a
respeito do notável romance que narra a saga da família Buendía a partir de
Macondo, a cidade fundada por José Arcadio Buendía, patriarca da estirpe
marcada por tragédias e extraordinários acontecimentos, que nasceu e se extinguiu em
um século.

A história provavelmente se passa na
Colômbia Amazônica ou nas suas proximidades, conforme detalhes relativos ao
clima, vegetação e isolamento do povoado dão a entender. Existem aspectos,
porém, que sequer são abordados, como o secular hábito das populações da
Bolívia, Peru e Colômbia, de mascar folhas de coca para enganar a fome ou
proporcionar mais resistência em longas caminhadas.Gabriel García Márquez não
faz no seu principal livro qualquer menção à droga, com certeza pelo fato de as
ditaduras militares terem se proliferado nas Américas do Sul e Central nos anos
60 e essa ser, na época, a sua maior preocupação.

Tudo mudou na presente conjuntura. O
governo de Bogotá luta contra a Farc, facção guerrilheira que se aliou
aos plantadores e traficantes de coca com vistas a conquistar o poder.
Auxiliados financeiramente pelos norte-americanos, que gastam bilhões de
dólares anualmente em treinamento de tropas nativas e armamentos para reduzir a
distribuição de cocaína nos EUA, os colombianos travam uma prolongada
guerra nas matas e montanhas do país contra os organizados guerrilheiros e
traficantes. É a chamada guerra inglória, que não dá sinais de ter fim.

Macondo serviu, entretanto, para mostrar
ao mundo o isolamento vivido por aquela parte úmida e verde do Hemisfério Sul, que
dependia dos ciganos para ter acesso a maravilhas como o gelo criado artificialmente,
ao telefone, a ímãs impressionantes e até a um elemento das fábulas árabes – o
tapete voador. As dezenas de sublevações, nas quais se envolveu um dos mais
ilustres membros dos Buendía, Aureliano, não terminaram com o milênio passado. Parecem,
na realidade, ser a marca registrada do dia-a-dia da Colômbia.

García Márquez tem mais romances sim, que
sequer foram traduzidos para outros idiomas, como o português. É provável que
os conflitos de agora, travados no interior do país, sejam abordados nessas
obras, mas os olhos e ouvidos do público em geral estão sempre voltados para o
épico Cem Anos de Solidão. E nesse livro faltou o elemento nocivo – a cocaína –
o grande entrave ao desenvolvimento colombiano. No mundo, não se fala do
estupendo café colombiano, superior em sabor e qualidade à rubiácea brasileira.
A indústria do turismo é fraca e os investimentos no país são escassos. A
Colômbia é uma grande Macondo, neste começo de milênio, e cabe às figuras mais notáveis
do país a árdua tarefa de promover a sua redenção e pelo menos cem anos de
progresso e desenvolvimento. Eis o papel reservado ao octogenário escritor,
uma lenda viva e lúcida da literatura latino-americana.



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