Asas de morte
(Michael Crichton)
Na opinião de muitos dos leitores, trata-se de um livro demasiadamente técnico e destituído da ficção a que o autor nos habituou, para muitos outros, o encanto desta obra reside nisso mesmo.
Com toda a narrativa devidamente fundamentada na consulta de bibliografia especializada e com uma ou outra chamada para um à parte invulgar e curioso, no contexto do romance, a escrita deste autor agarra-nos para uma leitura apaixonada.
Interessante do ponto de vista das informações cientificas e de cultura geral dadas a conhecer, como aliás acontece um pouco em todas as obras de Crichton e do qual ele faz ponto de honra na sua maneira de escrever, este livro, no entanto, e apesar de ser considerado por alguns um "border line", não deixa de se enquadrar em pleno no conhecido estilo do autor.
A intriga, o suspense, a investigação, a espionagem industrial, a politica, a sabotagem, as tensões laboriais, o dia a dia empresarial e o trabalho dos organismos federais, são a composição de uma mistura explosiva em mais um romance de Michael Crichton.
Composto por tramas silenciosas que envolvem determinados sectores de actividade económica, o romance gira em volta de uma das maiores industrias do planeta : a industria aeronautica. A tecnologia de ponta envolve-nos assim com as suas teias. A par desta megalomania também a vida comum está retratada. Mantendo-nos sempre na vanguarda da tecnologia, este porém, não deixa de nos mostrar as limitações da mesma, a qualquer momento e quando menos se espera, pois tanto as suas fraquezas como as suas vantagens, acabam por ser as dos seus criadores, ou sejam, os seres humanos.
Nesta aliança perversa entre a ambição e a ganância dos seres humanos e a evolução tecnológica para o seu conforto e segurança, algo escapa ileso, sendo essa a lição a retirar deste livro. Ilesos ficam os valores éticos e humanos, pois são os verdadeiros vencedores desta batalha e os que na realidade estão imunes ao profundo sentido critico e denunciante de que Crichton é mestre.
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