Inocência
(Visconde de Taunay)
Sertão de Santana do Parnaíba, Mato Grosso - 1860.
O jovem CIRINO Ferreira de Campos é um “médico”, nascido em São Paulo e criado em Minas Gerais. Ele viaja, sem destino certo, pelos sertões do Brasil, “curando maleitas e feridas bravas”. Na verdade, Cirino não é exatamente médico, mas um curandeiro popular bem intencionado. Filho de um farmacêutico, aprendeu a receitar e passou a medicar as pessoas, baseando-se num velho manual médico, descritivo de doenças, que leva consigo. Cirino está viajando para conhecer “o mundo” e juntar dinheiro para saldar uma dívida de jogo que contraiu.
Atravessando uma estrada do sertão do Mato Grosso, Cirino fica conhecendo Martinho dos Santos PEREIRA, sertanejo de meia-idade, simples e rude. Pereira vive com a filha, INOCÊNCIA. Como a garota anda adoentada, com febre, Pereira convida Cirino para pernoitar em sua tapera e examiná-la. Cirino concorda, mas, antes do exame, Pereira avisa que é um homem antiquado e desconfiado. A filha está prometida para seu amigo MANECÃO, atualmente distante, viajando, e o médico teria que ter o máximo respeito por ela. Cirino concorda e fica conhecendo a linda e brejeira mocinha e, a despeito dos avisos de Pereira, os dois se apaixonam à primeira vista.
Cirino fica hospedado na casa de Pereira, convidado a tratar de Inocência até seu restabelecimento. É constantemente vigiado pelo pai da moça e por dois empregados da casa: a negra MARIA CONGA e, principalmente, TICO, um anão praticamente mudo, que mais parece um cão de guarda da menina.
Naquela mesma noite, chega à tapera um naturalista alemão, chamado Guilherme Tembel MEYER. Ele caça borboletas e as envia para a Alemanha para serem estudadas. Meyer tem uma carta de recomendação do irmão de Pereira, FRANCISCO e, assim, também é convidado a se hospedar na casa.
Meyer fica fascinado com a beleza de Inocência e, ignorante dos costumes sertanejos, faz muitos elogios à jovem, o que deixa o machista Pereira furioso e preocupado. Com medo de que Meyer “ponha sua filha a perder”, Pereira passa a vigiá-lo de perto, levando-o pessoalmente à mata para encontrar e caçar os insetos.
A desconfiança por Meyer faz com que Pereira comece a confiar em Cirino e o jovem apaixonado aproveita a oportunidade para ver Inocência e declarar seu amor. Ela também o ama, mas sente-se culpada e tem medo de enfrentar a fúria paterna. Pereira empenhou sua palavra de que daria a mão da filha a Manecão e sempre ameaça matar um homem que lhe “desonre a casa”.
Como Manecão está para voltar de viagem, os dois jovens, desesperados, decidem que Cirino deve ir à distante casa do padrinho de Inocência, ANTÔNIO CESÁRIO, para tentar convencê-lo a interceder junto à Pereira em favor do seu amor. Cirino despede-se da amada, inventa uma desculpa para Pereira e parte. No caminho, cruza com Manecão, que está indo à casa de Pereira com tudo pronto para realizar seu casamento com Inocência.
Enquanto Manecão é recebido festivamente por Pereira, Cirino abre seu coração com Antônio Cesário que promete pensar no caso. Se decidir ajudar os jovens, irá encontrar Pereira num prazo máximo de oito dias.
Inocência, incapaz de demonstrar gentileza com Manecão, demonstra muita tristeza e cai doente. Corajosa, ela enfrenta o pai e diz que não quer aceitar o casamento. Percebendo que a filha ama outro homem, Pereira fica desconfiado de Meyer e decide matar o alemão. Só que o anão Tico, enciumado, vinha vigiando Cirino e Inocência há tempos, e avisa que o verdadeiro pervertor da menina é o “médico”. Pereira, sentindo-se traído, fica louco de ódio. Manecão o acalma e diz que vai atrás de Cirino, “desagravar a honra” de ambos.
Manecão persegue Cirino durante três dias. Enquanto isso, sem saber do perigo que corre, Cirino vai todos os dias à estrada esperar por Antônio Cesário. O final é trágico: justamente quando o padrinho de Inocência está chegando, Manecão atira em Cirino. Antônio Cesário encontra o rapaz agonizante, fica sabendo de tudo e jura que vai impedir o casamento. Em seguida, Cirino morre.
Na Alemanha, Meyer apresenta a descoberta de uma nova borboleta: a Papilio Innocentia. Explica que o nome surgiu em homenagem à beleza de uma jovem brasileira, sem saber que, nessa altura, Inocência já está morta, vítima de seu imenso desgosto amoroso.
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