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O caso exemplar de Luiz Gama
(Vanete Dutra Santana)

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O caso de Luiz Gama é exemplar de uma situação em que o dominado, explorado, colonizado e escravizado, para ser mais explícita, aproveitando-se de suas habilidades individuais e do contexto no qual se achava inserido, torna-se um dos principais artífices da liberdade, igualdade e fraternidade – ideais defendidos não apenas pelos liberais franceses do século XVIII, mas por todos que idealizam um mundo melhor. Não é por acaso, portanto, que Luiz Gama foi aceito entre os maçons. Ele se tornou membro da maçonaria por volta de 1864, indicado, possivelmente, por Bernardino de Campos e seu irmão, Américo de Campos, ou pelo sobrinho de José Bonifácio e lente da Faculdade de Direito de São Paulo, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, vindo a se tornar insigne representante da maçonaria, tanto que em 1868 recebeu o grau 18 – Soberano Príncipe Rosa-Cruz – e, no mesmo ano, fundou, juntamente com Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, Rui Barbosa, Salvador de Mendonça, Azevedo Marques, Olímpio da Paixão, Américo e Bernardino de Campos, Antonio Louzada Antunes e Ferreira de Meneses, a 9 de novembro, a Loja América. Com o patrocínio desta Loja, no ano seguinte (1869), criou, com Olímpio da Paixão, uma escola gratuita para crianças e um curso noturno de alfabetização para adultos. Em 1871, tornou-se vice-presidente da mesma Loja, posição que ocupou até seu falecimento. Em 1878, foi eleito Venerável da Loja América e em 1882, com o apoio da maçonaria, funda o Centro Abolicionista de São Paulo. Poucos meses depois, a 24 de agosto, fez sua transição. A folha do Centro Abolicionista passou a ter seu nome. Conta-se que em seu funeral compareceram não apenas os mais notáveis cidadãos do Império, mas também pessoas simples, brancos e negros, senhores e escravos, conservadores e republicanos, brasileiros e imigrantes. No ano seguinte tiveram início as marchas cívicas anuais a seu túmulo, que se estenderiam até o final dos anos 30 do século XX. Em 1894, fundou-se em São Paulo a Loja Luiz Gama e em 1930 foi erigida, no Largo do Arouche, uma herma em comemoração a seu centenário. Os 52 anos de sua vida foram compartilhados com figuras ilustres de nossa história, tais como José Bonifácio; Antonio Rodrigues do Prado Júnior, que, aliás, ensinou-o a ler e escrever; Conselheiro Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, chefe da Polícia de São Paulo e catedrático da Faculdade de Direito; Ângelo Agostini, importante jornalista da época; Joaquim Nabuco e seu irmão, Sizenando Nabuco; Salvador de Mendonça e Ferreira de Meneses, proprietários da folha Ipiranga; Castro Alves; Campos Sales; José do Patrocínio e Raul Pompéia – além dos já citados Carlos Ribeiro de Andrada, Rui Barbosa, Salvador de Mendonça, Azevedo Marques, Olímpio da Paixão, Américo e Bernardino de Campos, Antonio Louzada Antunes e Ferreira de Meneses. Foi partilhando seus ideais com pessoas como estas que Luiz Gama, além de seu relevante envolvimento com a maçonaria paulistana, encontra-se entre os fundadores de vários semanários de prestígio que circularam na segunda metade do século XIX em São Paulo, propagando as idéias liberais, e do próprio Partido Liberal Paulista, cujo embrião foi o Clube Radical Paulistano, do qual também fazia parte. Compõe, ainda, a Junta Francesa para Emancipação dos Negros, na qual se achavam diversos intelectuais ligados à maçonaria. Por suas atividades na imprensa, política e direito, como defensor dos direitos humanos – sobretudo dos negros, à época, ainda tratados como não-humanos -, Luiz Gama foi uma das personalidades mais populares e influentes da província de São Paulo. Nada disto nos surpreenderia, porém, não fossem os fatos de que esta ilustre figura só aprendera a ler e escrever aos 17 anos e fora escravo desde os 10 ao até os 18, quando fogeda casa de seu proprietário por ter conseguido provas de que era um homem livre. De fato, o era, pois nascera filho de negra livre, a quitandeira africana Luiza Mahin, e de um fidalgo pertencente a tradicional família baiana cujo nome Luiz Gama nunca revelou. Sua mãe teria sido presa quando ele ainda era criança e, a despeito de suas buscas, já adulto, nunca conseguiram se reencontrar. Luiz Gama acaba por se tornar escravo porque seu pai, falido por dívidas de jogo, vendeu-o a um mercador – a 10 de novembro de 1840. Este o levou da Bahia para o Rio e depois a Santos, de onde foram a pé até Campinas, local em que o alferes Cardoso pretendia vender sua mercadoria. Rejeitado por ser baiano – os negros baianos tinham fama de rebeldes –, o menino mulato acabou “mercadoria encalhada” e por isto foi para São Paulo, servir como escravo na casa do próprio alferes. Lá, Luiz Gama conhece Antonio Rodrigo do Prado Júnior, estudante pensionista de seu senhor, e, a partir de então, estava traçado seu destino. Há que se destacar, ainda, que, dentre todos os homens de letras brasileiros de origem negra, como Cruz e Souza e Lima Barreto, Luiz Gama foi o único a ter vivido como escravo.



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