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Parábola do Cágado Velho
(Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos)

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A história se passa em Angola, África, época atual.
Ulume (o homem) vive em um kimbo (aldeia) com sua primeira mulher (Muari) e seus dois filhos: Luzolo, o mais velho, e Kanda.
Apegado às tradições e costumes de sua raça, Ulume acredita que um cágado velho que habita as proximidades de sua aldeia possui uma sabedoria especial e superior. Freqüentemente, ele observa o animal quando este caminha em direção ao riacho para beber água. Nestas ocasiões, Ulume faz perguntas ao cágado, sempre na esperança de que aquele ser experiente e sábio lhe responda.
Uma guerra assola o país e tudo que Ulume sabe é que ela se divide entre "os nossos" e "os inimigos". Porém ele não compreende direito quem é quem. Apesar da miséria em que vive a aldeia, soldados chegam de tempos em tempos para pedir comida. Com o tempo, os pedidos se tornam imposição. A aldeia começa a ser saqueada, habitantes são mortos, mulheres são estupradas.
Grande parte dos moradores abandona a tribo para viver num local mais afastado, que recebe o nome "Vale da Paz".
Os filhos de Ulume deixam o lar para se engajar na guerra. Cada irmão entra em um exército diferente e sua velha amizade se transforma em hostilidade declarada. Passam a se odiar.
Ulume e Muari são convidados a partir para o Vale da Paz, mas ela não quer deixar a aldeia com medo de que os filhos não mais os encontrem.
Ulume se interessa por uma moça, bem mais nova do que ele, de outra aldeia. Chama-se Munazaki. Um dia, uma granada cai bem perto de Ulume. Ele se prepara para a morte certa e, neste momento de desespero, vê nitidamente a imagem do rosto de Munazaki.
Segundo uma antiga tradição, se um homem vê a imagem de uma mulher no momento da morte, mas escapa, ela tem que ser sua esposa.
Com a concordância de Muari, Ulume pede a mão de Munazaki para o pai dela, oferecendo um alembamento (pagamento feito aos pais da noiva, normalmente animais ou utensílios). A poligamia é aceita de acordo com as tradições angolanas, mas os jovens filhos de Ulume acham que o mundo mudou, que as mulheres e os homens têm os mesmos direitos e que a poligamia é coisa do passado. Ficam contra o casamento.
Munazaki também acredita que um mundo novo está se abrindo para todos os angolanos e que as tradições devem ser descartadas. Ela nega o pedido de Ulume. Ele insiste, mas ela reluta. Em parte porque gosta de Kanda, filho caçula do "velho" que a quer como esposa. Assim como Kanda, Munazaki tem o sonho de ir viver em Calpe, a "cidade do sonho", uma cidade fictícia que simboliza o país moderno e renovado que os angolanos almejam.
Ulume fica deprimido e Munazaki percebe que ele realmente a ama. Termina por aceitar o casamento.
A violência dos exércitos vai se tornando insuportável e a família se vê obrigada a mudar para o Vale da Paz. Vivem ali tranqüilos por algum tempo até que Luzolo retorna, sem armas, dizendo que a guerra acabou.
Ulume vai procurar Kanda, na esperança de reunir a família como no passado. Kanda agora tem um posto elevado em seu exército. Diferente de Luzolo, ele não acredita que a guerra acabou. Acha que é só um artifício dos "inimigos" para tentar pegar seu exército de surpresa.
A paz dura pouco. Em breve, o Vale da Paz passa a ser invadido e saqueado com a mesma violência que reinava na antiga aldeia. Para completar o sofrimento de Ulume, Munazaki desaparece sem dar notícias.
Vários anos passam e Munazaki retorna com uma aparência deplorável: magra e envelhecida como uma mendiga. Ela confessa que fugiu na esperança de encontrar Kanda e Calpe, "a cidade do sonho". Seus planos, porém, não deram certo. Foi violentada, espancada, usada como escrava, perdeu toda a sua saúde, juventude e esperança. Sem rumo ou alternativa, resolveu voltar para perto de Ulume e Muari, a única família que já teve.
Ulume, já velho e desencantado, não sabe se a aceita de volta, o que seria desonroso. Por outro lado, aceitá-la e quebrar as tradições pode ser uma forma de mostrar aos filhos que é possível perdoar eabrir mão de preconceitos. Quem sabe então não pudessem voltar a ser amigos.
Sem saber como agir, ele vai ao local onde habita o cágado velho e pergunta se deve aceitar a segunda mulher de volta. O cágado olha para ele e confirma três vezes com a cabeça, numa clara aceitação. Com a aquiescência do cágado, Ulume decide perdoar. Esta decisão entre seu peito de esperança. Uma esperança que brilha como uma estrela no céu.



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