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O Admirável Mundo Novo; 1984
(Aldous Huxley; George Orwell)

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Artigo publicado no jornal Nova em Folha, edição nº 37, Abril 2006, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, PortugalIsabel Metello ©As grandes utopias negativas do séc.XX Em termos literários, no que concerne a utopias negativas ou distopias escritas no séc.XX, destacam?se logo duas pelos seus carácter premonitório e claro intuito de manifesto político, bem como pela sua elevada qualidade literária- O Admirável Mundo Novo (Brave New World, 1932) de Aldous Huxley, e o 1984 (Nineteen Eighty-Four, 1949) de George Orwell. A obra de Huxley descreve uma sociedade totalitária de ideologia fordista, apologista da radicalização de uma concepção de progresso puramente de ordem tecnocrática, propulsora de uma desumanização social, do culto da matéria e da erradicação da liberdade individual. A alienação colectiva actualizada nos rituais de aniquilação das capacidade crítica e identidade individuais, pelo poder extático da soma como substância estupefaciente, é consagrada ao “Ser Maior”, ao “Aniquilador dos Doze-em-Um”, Ford, que faz os seus servos desejarem correr sempre em massa, numa velocidade superior à das carripanas por si construídas. Quanto à utopia negativa orwelliana 1984, esta assume-se como uma sátira ao regime totalitário estalinista, sendo uma das manifestações iniciais de submissão ao partido a incorporação dos seus três grandes slogans: “A guerra é a paz. A liberdade é a escravatura. A ignorância é a força”. Nela, o Big Brother, o Grande Irmão despótico, controla tudo e todos por uma vigilância constante através de meios tecnológicos- as teletelas- que actualizam o conceito do Panopticon (1791) de Jeremy Bentham. À semelhança do que era prática comum no estalinismo, os dissidentes são historicamente erradicados, uma vez que não só são vaporizados, fisicamente eliminados, como, perante o regime, passam a nunca ter existido, assumindo o estatuto de não pessoas. Os próprios familiares são os seus delatores- qualquer acto mais descuidado, qualquer pensamento menos sistémico, qualquer palavra menos própria, mesmo murmurada em sonhos, dita a sentença da vaporização. Estas duas magníficas obras literárias descrevem sociedades marcadas pela violência da aniquilação do pensamento livre individual e do amor, enquanto sentimento nobre, humanizante e libertador, criticando ambas sistemas totalitários que, embora associados a ideologias tradicionalmente opostas, assemelham-se na actualização da radicalização da intemporal natureza humana, focalizada na ânsia pelo poder e pela submissão alheia. Obras que, já contando com mais de meio século de existência, descrevem práticas sistémicas de controlo que nós, cidadãos modernos tardios, julgamos já pretéritas, mas que, hoje, assumem, progressivamente, ainda que de forma subliminar e simuladamente humanizada, a sua actualidade. Como diria Johann Wofgang von Goethe: “Ninguém é tão desesperadamente escravizado como aqueles que falsamente acreditam que são livres”. Leiam ou releiam estas duas obras. Quando nos embrenhamos na teia de palavras meticulosamente elaborada por estes dois autores, descobrimos um mundo cuja violência inerente funciona claramente como um móbil estimulador da procura da autêntica liberdade- a que provém do interior de um sujeito detentor de uma consciência crítica lúcida e activa. Como diria Rosa de Luxemburgo, “a liberdade é sempre e exclusivamente a liberdade daquele que pensa de forma diferente”.



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