Viver é Doar-se
(Misael França)
Viver é doar-se ? * Misael França
Lamentavelmente vejo um excesso de sensacionalismo da imprensa brasileira quando se refere ao atual momento em que passa o governo. Caminhamos para um nível de desgaste emocional das pessoas e banalização da situação – a quem interessa isto?
Esta crise, se é que temos uma crise, vem sendo explorada como artigo de prateleira numa loja em promoção. Alguns setores da imprensa e outros vampiros querem tirar proveito disto para ganhar mais dinheiro, o que virá de diversas formas. É como se criássemos um problema para o qual já temos pacotes de soluções. Por isso, muitos vampiros, tanto no governo quanto na sociedade civil desorganizada, ativa os seus sensores para ver de que modo podem levar vantagem deste momento.
Psicólogos sinalizam com suas fórmulas mágicas para tratar possíveis neuroses decorrente; consultores inventam treinamentos, dinâmicas, novos modelos de gestão, processos, etc, para cuidar da desmotivação que se instalará; políticos refazem as suas alianças, reorganizam suas malas... e assim... fica tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Vejo, ouço, sinto e cheiro, um processo cada vez mais freqüente de naturalização da corrupção em nossa sociedade e isto, sem dúvida, nos envergonha aqui e fora. Perdemos mais credibilidade internacional e a oportunidade de realizarmos as mudanças de base necessárias para cuidarmos dos nossos problemas internos e mudarmos a nossa cabeça, o nosso modo de ser brasileiro – existe, para mim, um modo de ser brasileiro que se expressa nos Jeffersons, Collors, FHCs, PTs, Severinos, ACMs (UFA!) cotidianamente.
Gostaria muito de pensar diferente, de acreditar que estamos rumando para as tais mudanças de base, mas o que vemos é uma massa de gente, disforme, que senta-se comodamente em frente ao televisor para saborear as metáforas e os espetáculos dos dramalhões da política brasileira. Uma disforme massa que se conforma com seu próprio sofrimento.
Acredito que precisaremos de mais alguns séculos, talvez milênios para que o processo educativo naturalize a ética e o respeito pelo outro, naturalize a civilidade, traduzida na capacidade de nós políticos (pois a neutralidade já implica num posicionamento ético-político) cuidarmos do bem público - aquilo que serve ao coletivo, que pertence ao coletivo – e estejamos a serviço um dos outros, exercendo com dignidade e lealdade a função social escolhida para nos doarmos mutuamente.
Misael França, Pedagogo, fundou em Salvador a Escola Gaia, projeto educativo comprometido com a preservação do planeta Terra e a formação de uma sociedade mais humana e mais justa neste milênio.
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