Mauro Ramos de Oliveira, um zagueiro de alta classe
(Odir Cunha)
Mauro Ramos de Oliveira, nascido em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 30 de agosto de 1930 e falecido na mesma cidade em 18 de setembro de 2002.Mauro era de um tempo em que os zagueiros tinham categoria, e o máximo de categoria era jogar como ele, que até o nome deveria ser pronunciado inteiro, para fazer jus à sua imponência na zaga. Mauro Ramos de Oliveira era a mistura perfeita de um lorde com um guerreiro. Jogava limpo, na bola, mas se o jogo pegasse fogo, não tirava o pé.
Numa época em que havia o mesmo número de atacantes e defensores, era preciso dar o bote na hora certa, ou o adversário ia parar na cara do gol. Mauro era muito bom nisso, assim como, até por ser o mais alto dos santistas (1,85m), também se destacava nas bolas altas.
Sua carreira começou na Caldense, de sua cidade. Um dia o temido São Paulo foi jogar lá e o garotão de 16 anos não se intimidou com a fama do astro Leônidas da Silva. Sua atuação deve ter impressionado os diretores do São Paulo, pois um ano depois, em 1948, o clube da capital o contratou. Mauro foi campeão estadual pelo São Paulo no ano em que chegou e ainda em 1949, 53 e 57.
Teve sua primeira oportunidade na Seleção Brasileira no Sul-americano de 1949, mas era muito novo ainda, apenas 19 anos. Foi convocado para as Copas de 1954 e 58, mas ficou na reserva de Pinheiro e depois de Bellini. Em 1962 estava treinando melhor do que todos e não se conformou quando tentaram tirá-lo do time:
“Lá no Chile, na véspera da estréia contra o México, eu já havia passado pela rígida revisão médica de praxe, quando o Mário Américo, massagista da Seleção, foi ao meu quarto dizer que queriam falar comigo com urgência no departamento médico. Fui e encontrei toda a comissão técnica me esperando: o médico Hilton Gosling, o supervisor Carlos Nascimento, o técnico Aimoré Moreira, o dentista Mário Trigo... Só faltava o dr. Paulo Machado de Carvalho, o chefe da delegação. Então me contaram uma história sem nexo, que não me convenceu, e disseram que eu não ia jogar. Aí eu disse: “Vou jogar sim, porque ganhei a posição treinando e jogando muito bem, muito melhor do que os outros. Se vocês me tirarem do time eu volto hoje mesmo para o Brasil e boto a boca no trombone, para que todos saibam da politicalha que existe aqui na Seleção. Eles recuaram. Me deram uns tapinhas nas costas e disseram: ‘É isso mesmo que queríamos ouvir de você. Parabéns’”.
Mauro se firmou como um dos grandes zagueiros da Seleção Brasileira, pela qual realizou 32 jogos oficiais e um não oficial. No Santos, apesar de chegar ao clube com 30 anos e logo após ter se submetido a uma operação de menisco, ganhou mais títulos em sete temporadas do que havia conquistado até ali em toda a sua carreira. Pelo timaço da Vila Belmiro foi pentacampeão brasileiro, cinco vezes campeão paulista, bicampeão da Libertadores, bicampeão mundial e campeão do Rio-São Paulo.
Em 1968, ao pendurar as chuteiras, iniciou a carreira de técnico dirigindo o Oro, de Guadalajara. Depois treinou Coritiba, Santos, Jalisco e em 1974 abandonou de vez o futebol, passando a viver como comerciante em Poços de Caldas. Numa de suas últimas entrevistas, já viúvo de Eny e padecendo do mal que o levaria à morte, afirmou: “Cheguei à Vila em 1960 e saí em 1967. Jogar no Santos representou para mim o maior prêmio que um atleta poderia receber em sua carreira. Fomos campeões em tudo. Agradeço a Deus por ter jogado naquele time”.
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